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Index - Armamento Militar

A corrida às armas high-tech - 2.05.2015

Governo dos EUA acusado de desenvolver novas armas atómicas - 23.10.2013

Vendas de armas pelos EUA são 78% do mercado global - 27.08.2012


A corrida às armas high-tech

por Manlio Dinucci

Voltairenet.org | 2 de Junho de 2015

http://www.voltairenet.org/article187775.html

A parada militar nos Fóruns Imperiais [1] com que em 2 de junho é celebrada a Festa da República que na sua Constituição repudia a guerra [2], esconde por trás da fachada retórica uma realidade cada vez mais dramática: a aceleração da corrida às armas high-tech, em que a Itália está engajada através da Otan. Corrida guiada em todos os campos pelos Estados Unidos.

Há uma semana, o “Comando de ataque global” lançou desde a Califórnia um míssil intercontinental Minuteman III, atingindo com uma ogiva experimental um atol no Oceano Pacífico a oito mil quilômetros de distância. Com esses testes o Comando verifica a “confiabilidade” dos 450 Minuteman III, prontos para lançamento com suas ogivas nucleares. O Congresso alocou mais de 200 bilhões de dólares (parcela inicial de cerca de um trilhão em dez anos) para potenciar as forças nucleares, com 12 submarinos de ataque (sete bilhões cada um, estando o primeiro já em construção), cada um armado com 200 ogivas nucleares, e outros bombardeiros estratégicos (de 550 milhões a unidade), cada qual armado com 20 ogivas nucleares.

O Exército está experimentando armas a laser com capacidade para abater aeronaves, apagar a visão e cegar os soldados inimigos; a Marinha já instalou um canhão a laser no navio Ponce, deixando claro que “deve ser usado em combate real”; a Aeronáutica anuncia que a partir de 2022 equipará com laser seus caças-bombardeiros.

Também se encontra em forte desenvolvimento o setor dos drones e robôs de guerra. Enquanto se modernizam os drones teleguiados (o Global Hawk ultrapassou as 150 mil horas de voo), experimentam-se aeronaves de ataque completamente robotizadas: o X-47B efetuou em voo o primeiro reabastecimento automático de combustível. O caça F-35C para porta-aviões, anuncia o secretário da Marinha, “será provavelmente o último com piloto a bordo”. Em 2016 será experimentado ainda um robô subaquático que, lançado por um submarino, identifica e segue automaticamente o navio inimigo.

Da guerra robotizada à guerra espacial, o passo é curto: em 20 de maio, partiu para a sua quarta missão secreta o X-37B, um mini-lançador robótico da Força Aérea estadunidense, já testado por quase quatro anos no espaço. O general Greaves, novo chefe do Comando espacial, declarou que os Estados Unidos “usarão todos os meios para manter a supremacia no espaço”.

Participam nessa corrida, nas pegadas dos Estados Unidos, os maiores países europeus da Otan: há dez dias, os ministros da Defesa da França, Alemanha e Itália assinaram o memorando de entendimento para o desenvolvimento de uma aeronave robótica para a guerra. Israel participa na corrida com novos drones e armas nucleares, armas que pode continuar a desenvolver depois que a proposta árabe de convocar em 2016 uma conferência para criar no Oriente Médio uma zona livre de armas nucleares foi bloqueada na ONU pelos Estados Unidos, o Canadá e o Reino Unido.

A Rússia, a China e outros países, que estão no alvo estratégico dos Estados Unidos e da Otan, reagem em consequência. A Rússia está desenvolvendo o Sarmat, um novo míssil balístico intercontinental, cujas ogivas nucleares manobram ao retornar à atmosfera para evitar os mísseis interceptores do “escudo” estadunidense, e o submarino da categoria Borey, extremamente silencioso, armado de 200 ogivas nucleares. Mísseis e submarinos análogos são construídos pela China que, segundo o comando dos Estados Unidos, está experimentando também armas espaciais anti-satélite para cegar os sistemas de ataque estadunidenses.

O blecaute midiático cala sobre tudo isto, enquanto os holofotes são apontados para as crianças que, na parada militar de 2 de junho festejam com guarda-sóis tricolores. Não a paz, como lhe disseram, mas a guerra que os espera.

Tradução: José Reinaldo Carvalho
Editor do site Vermelho

[1] Fóruns Imperiais – Conjunto de praças monumentais edificadas pelos imperadores ao longo de um século e meio (entre 46 a. C e 113 d.C.) no coração de Roma.

[2] A Constituição da República Italiana diz em seu artigo 11: “A Itália repudia a guerra como instrumento que atenta contra a liberdade dos outros povos e como modo de solução dos conflitos internacionais; ela consente, nas condições de reciprocidade com outros Estados, as limitações de soberania necessárias a uma ordem que assegure a paz e a justiça entre as nações; ela suscita e favorece as organizações internacionais que perseguem este objetivo”.

http://www.voltairenet.org/article187775.html

Governo dos EUA acusado de desenvolver novas armas atómicas

O coletivo Union of Concerned Scientists (UCS) apresentou um relatório sobre a modernização do arsenal nuclear dos EUA no qual acusa o governo norte americano de ir além da mera manutenção das suas armas atómicas e de desenvolver na prática novos sistemas de armamento. Artigo de Markus Becker, publicado em Viento Sur.

Esquerda.net - 23 Outubro, 2013

http://www.esquerda.net/artigo/peritos-acusam-o-governo-dos-eua-de-desenvolver-novas-armas-at%C3%B3micas/29963

Barack Obama tem falado muitas vezes de desarmamento nuclear. No seu discurso de Praga, em 2009, desenvolveu, amparando-se no lema “Yes, we can!”, a visão de um mundo livre de bombas atómicas. No seu discurso de Berlim, no verão deste ano, já se mostrou bastante mais modesto: disse que o número de armas atómicas norte americanas poderia reduzir-se em um terço se os russos se mostrassem dispostos a fazer o mesmo nas negociações.

No entanto, a realidade é muito diferente, como afirmam agora novamente os críticos. A associação de cientistas norte americanos Union of Concerned Scientists (UCS) acaba de apresentar um amplo relatório sobre a modernização do arsenal nuclear do seu país. Este relatório não deteta quase nenhum progresso em matéria de desarmamento. Além disso, os cientistas acusam o governo dos EUA de ir além da mera manutenção das suas armas atómicas e de desenvolver na prática novos sistemas de armamento.

O governo de Washington encontra-se, desde já algum tempo, face a um dilema: a última bomba nuclear dos EUA desenvolveu-se em 1990 e está baseada na tecnologia dos anos setenta. Os ensaios nucleares subterrâneos ficaram suspensos em 1992 e, desde então, as provas baseiam-se em simulações por computador. Ao mesmo tempo, o arsenal envelhece, e para garantir a segurança e confiabilidade do armamento é preciso investir enormes somas de dinheiro. Porque os EUA ainda dispõem de nada menos que umas 7.700 cabeças nucleares, das quais 2.150 estão ativas.

Trata-se, na realidade, apenas de prolongar a vida útil das bombas?

Segundo o relatório da UCS, o governo de Obama quer investir 60.000 milhões de dólares nos próximos 25 anos na modernização do seu arsenal nuclear, mas isto não é mais que uma fração do que a super potência pensa gastar neste período com as suas armas atómicas. O relatório da UCS, de 81 páginas, cita alguns exemplos:

- O custo de uma planta química e metalúrgica no Laboratório Nacional dos Álamos ascende a uma despesa situada entre 3.700 a 5.900 milhões de dólares, o que representa entre seis e nove vezes o custo estimado em 2004.

- A construção de uma nova planta processadora de urânio ia custar, em 2004, entre 600 e 1.100 milhões de dólares, mas agora fala-se de 7.500 milhões.

- O ministério de Energia dos EUA orçamentou, em 2010, a modernização das bombas aéreas do tipo B61 em apenas 2.000 milhões de dólares, repartidos por quatro anos. Mais tarde afirmou-se que seriam 4.000 milhões e, em 2012, já se falava em 6.000 milhões. Segundo a UCS, agora a soma já ascende a 10.000 milhões de dólares (7.400 milhões de euros).

O “programa de prolongamento da vida útil” da bomba atómica B61 já é objeto de crítica há algum tempo. Entre os peritos reina em grande medida o consenso de que as bombas nucleares aéreas estacionadas na Europa ocidental são, desde o ponto de vista militar, relíquias inúteis da guerra fria que deveriam ser eliminadas de imediato. Não obstante, o governo dos EUA não só não se mostra disposto a retirar essas armas, senão que as moderniza ao ponto de os técnicos já falarem em sistemas completamente novos.

A UCS afirma agora algo parecido. É verdadeiro que o número de tipos de cabeças nucleares norte americanas reduzir-se-á de sete a cinco durante o processo de modernização, mas essas cabeças empregar-se-iam em diferentes tipos de portadores: três em mísseis de longo alcance e dois em bombardeiros e mísseis de cruzeiro. Este propósito “viola o espírito, por não dizer a letra, da promessa do governo de não desenvolver novas armas nucleares”, tem declarado Philip Coyle, do Center for Arms Controle and Non-Proliferation, um dos autores do relatório da UCS.

Isto não é uma trivialidade, nem pouco mais ou menos. Em 2011, entrou em vigor o tratado “New Start” de redução de armas estratégicas, no qual EUA e Rússia se comprometeram a reduzir até o ano 2018 o número das suas cabeças nucleares estacionadas sobre o terreno dos 4.000 atuais para 1.550. Os críticos temem que as futuras conversas em matéria de desarmamento se vejam enormemente dificultadas se os EUA estacionam de repente, contrariamente às suas promessas, armas com capacidades totalmente novas.

Material suficiente para 13.000 cabeças nucleares

Por exemplo, a bomba B61 completamente renovada, do modelo B61-12, é, na opinião do perito norte americano em desarmamento Hans Kristensen, um arma destas características. De acordo com os planos atuais, a partir de 2019 fabricar-se-ão umas 400 unidades, das quais uma parte estacionar-se-á também na Alemanha. Neste momento há entre 10 e 20 exemplares antigos desta bomba atómica na base aérea de Büchel, na Alemanha.

Os cientistas da UCS também estão preocupados com a enorme quantidade de bombas atómicas inativas. Segundo cifras do instituto Sipri de Estocolmo, os EUA contam com umas 2.500 cabeças nucleares de reserva, às quais há que acrescentar outras 3.000 que estão à espera de ser destruídas. Segundo o relatório da UCS, “há grandes quantidades de plutónio e urânio altamente enriquecido que o exército já não precisa”. Ainda que a National Nuclear Security Administration (NNSA) –o departamento do ministério de Energia dos EUA que se encarrega da custodia das bombas atómicas – preveja destruir grande parte do material de fissão das armas desmontadas, após isso, diz a UCS, os EUA continuarão a dispor de material suficiente para 13.000 bombas atómicas. Por isso, os cientistas exigem que o governo elimine uma maior quantidade deste material e que o faça de um modo seguro, ainda que seja apenas para evitar roubos. Esta preocupação não é gratuita, como mostra um relatório da Nuclear Threat Initiative (NTI), que tem denunciado toda uma série de desleixos ultrajantes no que respeita à custódia do material nuclear em todo mundo.

A UCS também vê possíveis problemas nos EUA. Assim, ao que parece, a NNSA pretende desfazer-se do plutónio em excesso aproveitando-o para a fabricação das chamadas barras de combustível de mistura de óxidos para as centrais nucleares. “Isto comporta graves riscos de segurança”, escreve a UCS, que exige que a NNSA detenha este programa e elimine o plutónio em forma de vidro ou cerâmica.

Com material de Reuters

Artigo originalmente publicado em:
http://www.spiegel.de/wissenschaft/technik/ucs-wirft-us-regierung-entwicklung-neuer-atomwaffen-vor-a-928588.html

Tradução para espanhol: VIENTO SUR

Tradução para português para o esquerda.net: Mariana Carneiro

http://www.esquerda.net/artigo/peritos-acusam-o-governo-dos-eua-de-desenvolver-novas-armas-at%C3%B3micas/29963

Vendas de armas pelos EUA são 78% do mercado global

onip.org.br - 27 de agosto de 2012

http://www.onip.org.br/noticias/sintese/vendas-de-armas-pelos-eua-sao-78-do-mercado-global/

As vendas de armas pelos Estados Unidos triplicou em 2011 para um recorde, impulsionadas pelas vendas de armas para grandes aliados do Golfo Pérsico, preocupados com ambições regionais do Irã, de acordo com um novo estudo para o Congresso.

As vendas ao exterior de armas dos Estados Unidos somaram US $ 66,3 bilhões ano passado, ou cerca de 78 por cento do mercado mundial de armas, no valor de 85,3 bilhões dólares em 2011. A Rússia foi um distante segundo lugar, com US $ 4,8 bilhões em negócios.

O total de vendas norte-americano de vendas de armas teve um “aumento extraordinário” sobre os US $ 21,4 bilhões em negócios de 2010, segundo o estudo, e foi o maior de um único ano no total de vendas na história dos Estados Unidos enas xportações de armas .

O recorde anterior foi no ano fiscal de 2009, quando as vendas de armas americanas no exterior totalizaram cerca de US $ 31 bilhões.

Um declínio econômico mundial tinha suprimido a venda de armas nos últimos anos. Mas as crescentes tensões com o Irã levou um conjunto de países do Golfo Pérsico – Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã – a comprar armas americanas em níveis recordes.

Estes estados do Golfo não compartilham uma fronteira com o Irã, e suas compras de armas focaram-se em aviões caros e complexos sistemas de defesa de mísseis.

O relatório foi preparado pelo Serviço de Pesquisa do Congresso, apartidário, uma divisão da Biblioteca do Congresso. O estudo anual, escrito por Richard F. Grimmett e K. Paul Kerr e entregue ao Congresso na sexta-feira, é considerado a coleção mais detalhada dos dados não classificados das vendas de armas disponíveis para o público.

Os acordos com a Arábia Saudita incluiram a compra de 84 avançados caças F-15, uma variedade de munições, mísseis e apoio logístico, e upgrades de 70 dos caças F-15 da frota atual.

As vendas para a Arábia Saudita no ano passado também incluiu dezenas de helicópteros Apache e Black Hawk, todos contribuem para um negócio total de armas saudita nos Estados Unidos de US $ 33,4 bilhões, de acordo com o estudo.

Os Emirados Árabes Unidos comprou uma Terminal High Altitude Area Defense , um escudo antimísseis avançado que inclui radares e está avaliado em 3,49 bilhões dólares, assim como 16 helicópteros Chinook por US $ 939 milhões.

O Omã comprou 18 caças F-16 por US $ 1,4 bilhão.

De acordo com as tendências recentes, a maioria das compras de armas, no valor de cerca de 71,5 bilhões dólares americanos, foram feitas por países em desenvolvimento, com cerca de 56,3 bilhões dólares delas a partir dos Estados Unidos.

Outras ofertas significativas de armas dos Estados Unidos no ano passado incluiram um acordo de 4,1 bilhões dólares americanos com a Índia para 10 aviões C-17 de transporte e com Taiwan para baterias antimísseis Patriot avaliados em US $ 2 bilhões – um negócio de armas que os funcionários indignados em Pequim.

Para comparar as vendas de armas ao longo de vários anos, o estudo usou números em 2011 dólares, com valores de anos anteriores ajustados pela inflação para fornecer uma medida consistente.

A meta da política dos Estados Unidos tem sido trabalhar com os aliados árabes do Golfo Pérsico para sistema regional de defesa antimísseis para proteger cidades, refinarias de petróleo, oleodutos e bases militares de um ataque iraniano.

O esforço incluiu a implantação de radares para aumentar o alcance da cobertura de alerta precoce no Golfo Pérsico, bem como a introdução de comando, controle e sistemas de comunicação que poderiam trocar essas informações com novas baterias de mísseis interceptores vendidos às nações individuais.

O escudo de mísseis no Golfo Pérsico está sendo construído em uma base país a país – com essas vendas de armas caros negociados bilateralmente entre os Estados Unidos e nações individuais.

http://www.onip.org.br/noticias/sintese/vendas-de-armas-pelos-eua-sao-78-do-mercado-global/

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