Dívida pública dos EUA chega aos 16 biliões de dólares
Apesar da velocidade imparável do crescimento da dívida, que é superior a 100% do PIB, Washington consegue financiar-se a juros de 1,65%, enquanto que Bélgica e Espanha, com dívidas inferiores, são forçadas a aceitar juros muito mais altos.
Por Antonio Moreno | El Blog Salmón
Esquerda.net - 30 de Agosto, 2012 - 18:26h
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A dívida pública dos Estados Unidos chegará nos próximos dias à cifra arrepiante e sem precedentes de 16 biliões de dólares, demonstrando que alcançou uma velocidade imparável e ingovernável. Em menos de dez meses passou de 15 a 16 biliões de dólares com uma velocidade média de 3.550 milhões por dia, ou 148 milhões por hora, ou 2,46 milhões de dólares por minuto.
De acordo com o relógio da dívida dos Estados Unidos, estamos a apenas 49 mil milhões de dólares de este novo marco, que vai ser atingido nos próximos dias. Mas como este relógio não está atualizado, pode ser que o umbral seja cruzado este fim de semana. A dívida é imparável e ingovernável porque segue um curso exponencial, fruto da magia do juro composto, que tem um impacto poderosamente destrutivo na economia.
Em plena campanha eleitoral nos Estados Unidos, os republicanos culpam Obama do forte aumento da dívida (superior a 100% do PIB), enquanto os democratas culpam os fortes cortes de impostos da administração Bush. O certo é que tudo isto só tem a ver com o colapso de um sistema que se mostrou insustentável e que mete água por todos os lados. A este ritmo, de acordo com o Zero Hedge, os próximos marcos da dívida dos Estados Unidos podem ser:
– 17 biliões de dólares em 10 de junho de 2013
– 18 biliões de dólares em 23 de março de 2014
– 19 biliões de dólares em 3 de janeiro de 2015
– 20 biliões de dólares em 10 de outubro de 2015
Apesar de a dívida pública não crescer a um ritmo constante, dado que a cada dia se expande o contrai de acordo com as compras e vendas de bónus do Tesouro, a tendência tem sido marcadamente para a venda ou colocação de bónus, dado que a velocidade das compras foi notoriamente inferior. O gráfico mostra como a dívida começou a sua expansão em 1981 com Ronald Reagan, quando era de 909 mil milhões de dólares e começou o seu crescimento exponencial.
No entanto, apesar dos temores que pode despertar nos mercados esta colossal dívida pública, os Estados Unidos continuam a pedir dinheiro emprestado a 10 anos a uma taxa de juros de 1,65%, enquanto a Espanha ou a Bélgica (com rácios de dívida inferiores a 100% do PIB) pagam juros muito mais altos e diferenciados: 2,75% os belgas e 6,55% os espanhóis, em juros para empréstimos a 10 anos.
Isto demonstra o ambiente caótico que vive o sistema financeiro, e que a situação é crítica tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, com a ressalva de que os Estados Unidos têm a grande vantagem de ser donos da divisa e que podem refinanciar a sua dívida com os seus sócios comerciais asiáticos através da emissão de bónus. Mesmo que isto não seja mais que geração de mais lucros fictícios para uma banca também fictícia.
30 de agosto de 2012
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
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