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Porque o Reino Unido, a UE e os EUA atacam a Rússia

Por James Petras | The Official James Petras Website

Resistir.info - 21 de Março, 2018

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Durante a maior parte desta década os EUA, o Reino Unido e a UE têm executado uma campanha para minar e derrubar o governo russo, em particular para afastar o presidente Putin. Questões fundamentais estão em causa, incluindo a possibilidade real de uma guerra nuclear.

A mais recente campanha de propaganda ocidental, e uma das mais virulentas, é da responsabilidade do regime britânico da primeira-ministra Theresa May. Eles afirmaram que agentes secretos russos conspiraram para envenenar um antigo agente duplo russo e a sua filha na Inglaterra, ameaçando a soberania e segurança do povo britânico. Nenhuma prova foi alguma vez apresentada. Ao invés disso o Reino Unido expulsou diplomatas russos e pediu sanções mais duras, para aumentar tensões. O Reino Unido e seus patronos dos EUA e UE estão a mover-se rumo a uma ruptura de relações e a uma acumulação militar.

Um certo número de questões fundamentais levanta-se quanto às origens e intensidade crescente deste ânimo anti-russo.

Por que os regimes ocidentais sentem agora que a Rússia é uma ameaça maior do que no passado? Acreditarão eles que a Rússia está mais vulnerável a ameaça ou ataques ocidentais? Por que líderes militares ocidentais procuram minar defesas da Rússia? Será que as elites econômicas dos EUA acreditam ser possível provocar uma crise econômica e a demissão do governo do presidente Putin? O que é o objetivo estratégico dos decisores políticos ocidentais? Por que neste momento o regime do Reino Unido assumiu a liderança na cruzada anti-russa através das falsas acusações de envenenamento?

Este documento destina-se a proporcionar elementos chave para tratar destas questões.

O contexto histórico da agressão ocidental

Vários fatores históricos fundamentais remontando à década de 1990 explicam o surto atual de hostilidade ocidental à Rússia.

Em primeiro lugar, durante a década de 1990 os EUA degradaram a Rússia, reduzindo-a a um estado vassalo e impondo-se como um estado unipolar.

Em segundo lugar, elites ocidentais pilharam a economia russa, capturando e lavando centenas de bilhões de dólares. Os bancos da Wall Street e da City de Londres, além dos paraísos fiscais, foram os principais beneficiários.

Em terceiro, os EUA capturaram e tomam o controle do processo eleitoral russo, o que assegurou a "eleição" fraudulenta de Yeltsin.

Em quarto, o ocidente degradou instituições militares e científicas da Rússia e avançou suas forças armadas para as fronteiras da mesma.

Em quinto, o ocidente garantiu que a Rússia fosse incapaz de apoiar seus aliados e governos independentes por toda a Europa, Ásia, África e América Latina. A Rússia foi incapaz de ajudar seus aliados na Ucrânia, em Cuba, na Coreia do Norte, na Líbia, etc.

Com o colapso do regime Yeltsin e a eleição do presidente Putin, a Rússia retomou sua soberania, a sua economia recuperou-se, suas forças armadas e institutos científicos foram reconstruídos e fortalecidos. A pobreza foi drasticamente reduzida e capitalistas gangster apoiados pelo ocidente foram constrangidos, presos ou fugiram, principalmente para o Reino Unido e os EUA.

A recuperação histórica da Rússia sob o presidente Putin e a sua gradual influência internacional estilhaçou a pretensão dos EUA de dominar sobre um mundo unipolar. A recuperação da Rússia e o controle dos seus recursos econômicos diminuiu a dominância estado-unidense, especialmente dos seus campos de petróleo e gás.

Quando a Rússia consolidou sua soberania e avançou economicamente, socialmente, politicamente e militarmente, o ocidente aumentou sua hostilidade num esforço para reverter a Rússia aos Tempos Negros da década de 1990.

Os EUA lançaram numerosos golpes e intervenções militares, além de eleições fraudulentas, para cercar e isolar a Rússia. A Ucrânia, Iraque, Síria, Líbia, Iêmen e aliados russos na Ásia Central foram alvejados. Bases militares da NATO proliferaram.

A economia da Rússia tornou-se alvo: sanções às suas importações e exportações foram estabelecidas. O presidente Putin foi sujeito a uma virulenta campanha de propaganda na mídia ocidental. OGNs dos EUA financiaram partidos e políticos da oposição.

A campanha de desmantelamento dos EUA-UE fracassou.

A campanha de cerco fracassou.

A Ucrânia fragmentou-se – aliados da Rússia ganharam controle do Leste; o povo da Crimeia votou pela unificação com a Rússia. A Síria juntou-se à Rússia para derrotar vassalos armados dos EUA. A Rússia virou-se para o comércio multilateral, as redes de transportes e financeiras da China.

Como toda a fantasia unipolar dos EUA dissolveu-se isto provocou ressentimento profundo, animosidade e um conta-ataque sistemático. A custosa e fracassada guerra ao terror dos EUA tornou-se um ensaio geral para a guerra econômica e ideológica contra o Kremlin. A recuperação histórica da Rússia e a derrota do ocidente desmantelado intensificaram a guerra ideológica e econômica.

A trama do veneno no Reino Unido foi cozinhada para altear tensões econômicas e preparar a opinião pública ocidental para confrontações militares agravadas.

A Rússia não é uma ameaça ao ocidente: ela está a recuperar sua soberania a fim de promover um mundo multi-polar. O presidente Putin não é um "agressor" mas ele recusa-se a permitir que a Rússia retorne à vassalagem.

O presidente Putin é imensamente popular na Rússia e odiado pelos EUA precisamente por causa da sua oposição a Yeltsin – ele criou uma economia florescente, ele resiste às sanções e defende as fronteiras da Rússia e dos seus aliados.

Conclusão

Numa resposta sumária às questões do início.

1. Os regimes ocidentais reconhecem que a Rússia é uma ameaça à sua dominação global; sabem que a Rússia não ameaça invadir a UE, América do Norte ou seus vassalos.

2. Regimes ocidentais acreditam que podem derrubar a Rússia através da guerra econômica incluindo sanções. De fato a Rússia tornou-se mais auto-confiante e diversificou seus parceiros comerciais, especialmente com a China, e incluiu mesmo a Arábia Saudita e outros aliados ocidentais.

A campanha de propaganda ocidental falhou em virar eleitores russos contra Putin. Na eleição presidencial de 19 de março de 2018 a participação aumentou para 67%. Vladimir Putin assegurou uma maioria recorde de 77%. O presidente Putin está politicamente mais forte do que nunca.

A exibição de armamento nuclear e outros avançados tem tido um grande efeito dissuasor, especialmente entre líderes militares dos EUA, tornando claro que a Rússia não é vulnerável a um ataque.

O Reino Unido tem tentado unificar e ganhar importância junto à UE e aos EUA através do lançamento da sua conspiração tóxica anti-Rússia. A primeira-ministra May fracassou. O Brexit forçará o Reino Unidos a romper com a UE.

O presidente Trump não substituirá a UE como um parceiro comercial alternativo. Se bem que a UE e Washington possam apoiar a cruzada do Reino Unido contra a Rússia, eles perseguirão a sua própria agenda comercial – a qual não inclui o Reino Unido.

Numa palavra, o Reino Unido, a UE e os EUA estão a agrupar-se sobre a Rússia, por diversas razões históricas e contemporâneas. A exploração da conspiração anti-russa por parte do Reino Unido é uma trama temporária para juntar-se à gang, mas não mudará o seu declínio global inevitável e a ruptura do Reino Unido.

A Rússia permanecerá uma potência global. Continuará sob a liderança do presidente Putin. As potências ocidentais dividir-se-ão e abandonarão seus vizinhos – e decidirão que é do seu melhor interesse aceitar e trabalhar dentro de um mundo multi-polar.

James Petras é professor emérito de Sociologia da Universidade de Binghamton, em Nova York, e professor adjunto da Universidade de Saint Mary, Halifax, Nova Escócia, Canadá.

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