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O “Segundo 11 de Setembro” do Pentágono

Por Michel Chossudovsky

Global Research - 16 de Julho, 2007

https://www.globalresearch.ca/o-segundo-11-de-setembro-do-pent-gono/6339

“Outro ataque (11/Set) poderia criar tanto uma justificação como uma oportunidade para retaliar contra alguns alvos conhecidos”

Uma característica essencial da “defesa” no caso de um segundo grande ataque à América é a “ofensa”, segundo secretário de Segurança Interna Michael Chertoff: “A segurança interna é uma peça de estratégia mais vasta [a qual] leva a batalha ao inimigo”. ( DHS, Transcrição do discurso completo do secr. Michael Chertoff em Março de 2005 )

No mês a seguir às bombas de Londres de 7 de Julho do ano passado, o vice-presidente Dick Cheney instruiu a USSTRATCOM a redigir um plano de contingência “a ser empregado em resposta a um outro ataque terrorista tipo 11/Set aos Estados Unidos”. Implícito no plano de contingência estava a certeza de que o Irão estaria por trás do Segundo 11/Set.

Este “plano de contingência” utilizava o pretexto de um “Segundo 11/Set”, o qual ainda não aconteceu, para preparar uma grande operação militar contra o Irão, ao mesmo tempo que era exercida pressão sobre Teerão quanto ao seu (não existente) programa de armas nucleares.

O que foi diabólica nesta decisão do vice-presidente americano era o facto de que a justificação apresentada por Cheney para travar a guerra ao Irão repousava no envolvimento deste país num hipotético ataque terrorista à América, o qual ainda não se verificou.

O plano inclui um assalto aéreo em grande escala ao Irão, empregando tanto armas nucleares convencionais como tácticas. Dentro do Irão há mais de 450 grandes alvos estratégicos, incluindo numerosos sítios suspeitos de desenvolverem programas de armas nucleares. Muitos dos alvos estão blindados ou estão profundamente enterrados e não poderiam ser eliminados por armas convencionais, daí a opção nuclear. Tal como no caso do Iraque, a resposta não está condicionada ao Irão estar realmente envolvido no acto de terrorismo dirigido contra os Estados Unidos. Vários oficiais superiores da Força Aérea envolvidos no planeamento estão confirmadamente estarrecidos com as implicações do que estão a fazer — que o Irão está a ser preparado para um ataque nuclear não provocado — mas nenhum deles quer prejudicar a sua carreira apresentando objecções. (Philip Giraldi, Attack on Iran: Pre-emptive Nuclear War, The American Conservative, 2 August 2005 )

Como percebemos que os planeadores militares americanos, britânicos e israelenses estão no limbo à espera de um Segundo 11/Set a fim de estender a guerra para além das fronteiras do Líbano, para lançar uma operação militar contra a Síria e o Irão?

O proposto “plano de contingência” de Cheney não foca a prevenção de um Segundo 11/Set. O plano Cheney é baseado na presunção de que o irão estaria por trás de um Segundo 11/Set e que bombardeamentos punitivos poderia ser activados de imediato, mesmo antes de efectuar uma investigação, de modo muito semelhante ao modo como foram feitos os ataques ao Afeganistão em Outubro de 2001, alegadamente em resposta ao alegado apoio do governo Taliban aos terroristas do 11/Set. Convém notar que ninguém faz um plano de guerra em três semanas: o bombardeamento e invasão do Afeganistão foi planeado muito antes do 11/Set. Como destaca Michael Keefer num artigo incisivo:

“A um nível mais profunda, isto implica que “ataques terroristas tipo 11/Set” são reconhecidos no gabinete de Cheney e no Pentágono como meios apropriados de legitimar guerras de agressão contra quaisquer países seleccionados para tal tratamento pelo regime e por sistema corporativo de propaganda ampliada… ( Keefer, Fevereiro de 2006 )

Numa declaração oportuna, apenas uns poucos dias a seguir à carnificina do bombardeamento do Líbano, o vice-presidente Cheney reiterou a sua advertência: “O inimigo que atacou no 11/Set está fracturado e enfraquecido, mas ainda é letal, ainda está determinado a bater-nos outra vez ” (Waterloo Courier, Iowa, 19 July 2006, itálicos acrescentados).

“Justificação e oportunidade para retaliar contra …os estados patrocinados [de terrorismo]”

Em Abril de 2006 o secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld lançou um plano militar de grande alcance para combater o terrorismo por todo o mundo, com uma visão de retaliar no caso de um segundo grande ataque terrorista à América.

“O secretário da Defesa Donald H. Rumsfeld aprovou o mais ambicioso plano militar para combater o terrorismo por todo o mundo e retaliar mais rápida e decisivamente no caso de outro grande ataque terrorista aos Estados Unidos, segundo responsáveis da defesa.

O plano de campanha há muito esperado para a guerra global ao terrorismo, bem como dois planos subordinados também aprovados no mês passado por Rumsfeld, são considerados a mais alta prioridade do Pentágono, segundo responsáveis conhecedores dos três documentos que falaram na condição de anonimato porque não estavam autorizados a falar publicamente acerca dos mesmos.

Os pormenores dos planos são secretos, mas em geral eles antevêem um papel significativamente expandido para os militares — e, em particular, uma crescente força de elite de tropas Operações Especiais — em operações contínuas para combater o terrorismo fora de zonas de guerra como o Iraque e o Afeganistão. Desenvolvido a cerca de três anos pelo Special Operations Command (SOCOM) em Tampa, os planos reflectem uma reclamação do envolvimento do Pentágono em domínios manuseados tradicionalmente pela Central Intelligence Agency e pelo Departamento de Estado. ( Washington Post, 23 April 2006)

Este plano está baseado na possibilidade de um Segundo 11/Set e a necessidade de retaliar se e quando os EUA forem atacados:

“Um terceiro plano estabelece como os militares podem tanto interromper como responder a outro grande ataque terrorista aos Estados Unidos. Ele inclui extensos anexos que apresentam um menu de opções para os militares retaliarem rapidamente contra grupos terroristas específicos, individuais ou estados patrocinadores dependendo de quem se acredita estar por trás de um ataque. Um outro ataque poderia criar tanto uma justificação como uma oportunidade que hoje está a faltar para retaliar contra alguns alvos conhecidos, de acordo com actuais e antigos oficiais da defesa que conhecem o plano.

Este plano pormenoriza “que terroristas ou maus rapazes (bad guys) atacaríamos se fossem tiradas as luvas. As luvas não são reveladas”, disse uma um oficial que pediu para não ser identificado devido à sensibilidade do assunto (itálicos acrescentados, WP, 23 de Abril de 2006)

A presunção deste documento militar é que um ataque Segundo 11/Set “que está a faltar hoje” criaria de modo útil tanto uma “justificação como uma oportunidade” para travar a guerra a “alguns alvos conhecidos [Irão e Síria]”.

O anúncio de 10 de Agosto da Scotland Yard britânica de um frustrado ataque terrorista em grande escala destinado a explodir até dez aviões simultaneamente dá a impressão de que quem está sob ataque é o mundo ocidental ao invés do Médio Oriente.

As realidades são invertidas. A campanha de desinformação vai de vento em popa. Os media britânicos e americanos estão cada vez mais a apontar para a “guerra antecipativa” como um acto de “auto defesa” contra a Al Qaeda e os estados patrocinadores de terrorismo, que estão alegadamente a preparar um Segundo 11/Set. O objectivo subjacente, através do medo e da intimidação, é afinal das contas construir aceitação pública para a etapa seguinte da “guerra ao terrorismo” no Médio Oriente, a qual é dirigida contra a Síria e o Irão.

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