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Hoje na História: Golpe derruba governo legítimo de Arbenz na Guatemala

por Max Altman

Opera Mundi - 27/06/2010

http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/4770/hoje+na+historia+golpe+derruba+governo+legitimo+de+arbenz+na+guatemala.shtml

Em 27 de junho de 1954, um golpe de Estado fomentado pelos serviços secretos norte-americanos derruba o governo de Jacobo Arbenz Guzmán, eleito democraticamente na Guatemala. O objetivo era de impedir a expropriação de vastas terras não exploradas de propriedade da United Fruit Company, empresa que desejava desenvolver a monocultura da banana. Uma junta militar, imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos, toma o poder, dando surgimento aos movimentos de guerrilha. O poeta Pablo Neruda ao denunciar o golpe cunhou a expressão “repúblicas bananeiras”, as repúblicas da América Central submetidas às companhias norte-americanas.

Jacobo Arbenz foi substituído por uma brutal ditadura militar. A United Fruit Company - empresa em que o secretário de Estado, John Foster Dulles, e seu irmão Allen, então diretor da CIA, tinham interesses pessoais – e os bancos colaboraram com a CIA para proteger seus interesses, convencendo a administração estadunidense de que Arbenz era um comunista, ou pelo menos socialista. A operação teve um nome eloquente: Operação Êxito.

O presidente Arbenz havia nacionalizado 390 mil hectares da empresa, para iniciar a única reforma agrária que a Guatemala teve em sua história. Arbenz renunciou em 27 de junho e teve de partir para o exílio.

Foi a primeira intervenção direta da CIA na América Latina. Como conseqüência, contam-se cerca de 200 mil indígenas e muitos não indígenas assassinados em 30 anos de guerra civil, uma soberania nacional hipotecada e ausência de democracia e seguidas violações dos direitos humanos. Washington não somente impôs o novo governo militar e o armou, como também relacionou uma lista de pessoas que deveriam ser de imediato eliminadas.

Os jornais ligados aos EUA ao lado de associações como a Liga Norte-americana da Liberdade, a Associação Nacional de Industriais e os Cavaleiros da Ku Kux Klan, uniram suas forças em apoio à “destruição da ameaça comunista” na América Central. Deixaram que Castillo Armas escapasse, ele que estava preso por sedição e o levaram a Honduras para treiná-lo livremente, equipá-lo com recursos de empresas usamericanas e o apoio de Somoza na Nicarágua. Castillo Armas recebia dinheiro para compra de armamento e recrutamento de mercenários.

Como último recurso, a United Fruit pediu ao governo indenização imediata de mais de 15 milhões de dólares por suas terras expropriadas. Arbenz recusou, a empresa pediu ajuda ao Programa Interamericano de Ajuda Mútua. A resposta chegou em aviões carregados de armamento em Honduras e Nicarágua enquanto seus governos rompiam relações com a Guatemala. A agressão armada começou em 18 de junho. Arbenz apelou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas tudo já estava arranjado. Bastaram um par de dias de retardo na reunião e a traição dos altos chefes militares para acabar com ele.

Em 25 de junho enviou-se um ultimato a Arbenz para renunciar. O povo pediu armas ao presidente e Arbenz ordenou que elas fossem entregues às organizações populares, contudo o chefe das forças armadas já estava no golpe. Povoados do oriente do país ardiam em chamas e os bairros centrais da capital eram atacados. Em Puerto Barrios foram fuzilados 12 dirigentes sindicais da United Fruit. A embaixada dos EUA deu um segundo ultimato a Arbenz quem acabou renunciando em 27 de junho às 9 da noite.

O embaixador estadunidense teve a Guatemala em suas mãos, instituiu uma junta de governo à qual entregou uma longa lista de "comunistas" que deveriam ser eliminados. Como esta junta se negou, ele nomeou outra. Em seguida, Carlos Castillo Armas foi declarado presidente da república consumando-se o golpe de Estado.

Esse golpe inaugurou um prolongado período de décadas de terror sangrento contra trabalhadores, camponeses pobres, estudantes, que deixou um saldo de pelo menos 200 mil assassinatos e desaparecimentos políticos.

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