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A hipocrisia das lágrimas por Barcelona

Por Peter Koenig | Tradução: btpsilveira

mberublue - 19 de Agosto, 2017

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Em Barcelona, no dia 17 de agosto, às 17h00 – Uma van branca avança a 70 km/hora diretamente contra de uma massa de pedestres, a maioria turistas, na famosa Rambla, no coração de Barcelona. O total de mortos, 13, além de mais de 100 feridos. Nos eventos paralelos, a polícia matou um dos alegados perpetradores do atentado. O principal suspeito fugiu e ainda estaria foragido. Estaria mesmo? – Talvez ele também já esteja morto.

Em todos os atentados recentes com carros foram utilizadas vans brancas. Será que isso significa alguma coisa? Talvez não. Mais importante que isso é que o Estado Islâmico já reivindicou responsabilidade, através de sua agência de notícias, Amaq, que então, foi repetida pela mídia presstituta. Mais alguém checou, além da imprensa corporativa? – Provavelmente não. Mas não importa. Quando o Estado Islâmico reivindica responsabilidade, instantaneamente os corações e mentes se quedam tranquilos. Os culpados foram encontrados. São sempre aqueles sanguinários jihadistas islâmicos. Podemos descansar em paz. E segue a vida…

De fato, a vida seguirá, sempre preparada para mais e maiores atentados terroristas, coisa que o prefeito de Londres e o Sr. Macron, o novato presidente francês, já haviam previsto. Parece que eles sabem uma coisa ou duas que desconhecemos. Tudo bem, vamos nos preparar. De qualquer forma, que mais podemos fazer, é ou não é?

O presidente do partido conservador, Partido Republicano, François Fillon, candidato que perdeu as eleições recentes, disse, em referência aos turistas franceses que morreram no ataque em Barcelona: “Temos que assumir nossas responsabilidades...”, referindo-se ao fato de que não foi eleito, pois se tivesse sido, já teria feito alguma coisa em relação ao terrorismo islâmico. Até onde você pode cavar para chegar ao fundo do poço? Sem palavras, sem comentários.

Felizmente, o chefe dos terroristas deixou, como é costumeiro e bem conveniente, um passaporte dentro da cabine da van branca. Assim, seu caminho pode ser seguido até Melilla, um enclave espanhol no Marrocos. Conforme as informações houve, na terça feira à noite, na pequena cidade de Alcanar, a cerca de 250 quilômetros de Barcelona, bem antes da corrida mortal da Rambla, uma explosão massiva em uma residência, deixando uma pessoa morta e sete feridos. Uma pessoa foi presa pela polícia. Uma das pessoas feridas supostamente seria o motorista da van branca na Rambla.

No início da manhã de sexta feira, horas depois da corrida da van de Barcelona, na cidade costeira de Cambrils, a cerca de 120 km de Barcelona, outra van avançou contra uma barricada da polícia, tentando fazer um atentado terrorista similar contra uma faixa de pedestres cheia de turistas. Parece que um pedestre morreu. De acordo com as “notícias”, porém, a polícia matou todos os cinco supostos terroristas dentro da van. Agora a polícia diz que suspeita que um deles era o motorista da van branca que provocou os acontecimentos em Rambla. Homens mortos não falam.

Tudo tem – triste mas previsivelmente – o cheiro putrefato de outro ataque de falsa bandeira. E o “sistema”, o sombrio estado profundo, mais uma vez sairá impune.

A mistura de informações é intencionalmente incoerente e destinada a ser confusa. Conexões devem ser estabelecidas. Deixe que reine o caos. Faça o povo permanecer confuso. Deixe-os na ilusão de que a polícia está no domínio das coisas e em guarda. Vocês do povo não tem que pensar nada. Na verdade, as compras, de acordo com a RT, já voltaram praticamente ao normal. Há uma vela acesa em vigília em pleno dia e um ar de tristeza sombria no ambiente – Sim, já existe uma multidão em comício de anti-islamização no centro de Barcelona.

A Rambla já está cheia de turistas novamente, como é normal. É assim que tem que ser. Primeiro, as compras. Não esqueça de cobrar a polícia. A partir de agora, eles têm que nos proteger. No caso de não conseguirem, os militares estão bem à mão.

Enquanto isso – previsivelmente – logo depois do horroroso massacre, mensagens de condolências começaram a surgir de todos os lados, daqueles conhecidos personagens ilustres como Theresa May, Madame Merkel, Emmanuel Macron, o Primeiro Ministro da Suécia Stefan Löfven, de Bélgica, Dinamarca... as lágrimas de tristeza não têm fim...

Não vamos nos perder: no último ano, que podemos chamar ano do terror-do-ataque-com-veículos, agora ferramentas convenientes para o pânico, medo e morte, já atacou em Nice, França – 14 de julho de 2016, Promenade des Anglais, com 86 mortos, quase 500 feridos; Berlim, 19 de dezembro de 2016, Christmas Market, 12 pessoas mortas, 56 feridos; na Inglaterra duas vezes, em 22 de março de 2017, Westminster Bridge, com 5 mortos e mais de 50 feridos; London Bridge, em junho de 2017, com 7 mortos; Estocolmo, em 08 de abril de 2017, na rua comercial de maior movimento na capital – com 4 mortos e 15 feridos. Agora em Barcelona, na Espanha.

As condolências apresentadas por aqueles líderes soam tão vazias e hipócritas porque eles, como líderes, estão no coração do problema.

Se não são eles mesmos, em pessoa, que instigam essa série de ataques terroristas tão singularmente semelhantes, são eles que permitem que os cordéis sejam mexidos por seus serviços secretos, às ordens do Mestre Global do Estado Profundo, cuja meta é submeter a Europa, transformá-la em um estado policial/militar, em caos, talvez com uma guerra civil em curso. Uma guerra civil é ruim, mas não tanto quanto um corte essencial no consumo. Mas agitação civil faz o mesmo efeito. Dê às corporações financeiras campo para a escalação das dívidas e ganhos em espiral, desde que se deixe para o povo pobreza suficiente para produzir uma Europa que não pensa; sem tempo de reflexão, sem tempo para protestar – não há tempo para nada disso quando se luta pela singela sobrevivência.

Não acredita? Olhe para a Grécia e para outros lugares, lá isso já está acontecendo em plenitude, na nossa cara. Militarização em câmara lenta. Macron está comprometido com isso até a cabeça – e não tem o menor pudor em anunciar alto e bom som. Os franceses perceberam e sua popularidade caiu de 66% antes da “eleição” para menos de 35% agora. Mas não se esqueça que ele está aqui e aqui ficará por cinco anos. É o que diz a Constituição Francesa.

Seria preciso um milagre (da população) para tirar Macron. Em outro artigo, mencionei o valor de milhões de euros gastos para construir uma sofisticada cidade fantasma em um campo de treinamento alemão na região da Saxônia-Althaus – construída para o único propósito de treinamento de guerra urbana – preste atenção, você e seus colegas manifestantes, quando você não aguentar mais e sair para as ruas e barricadas – será nesse momento que as forças urbanas treinadas naquela cidade daquele campo de treinamento entrarão para te oprimir e matar, se necessário. O que você viu em Hamburgo no encontro do G20 no início de julho, foi apenas uma antecipação benigna do que está a caminho.

Sim senhor, o que espera os europeus – já está em plena atividade nos Estados Unidos, eles estão sempre alguns passos à nossa frente, fazendo o teste do que será aplicado a nós. – Barcelona não passa de uma pequena pedra no mosaico geral, na pintura total da “Dominação Total” – a meta principal do PNAC (Plan for a New American Century – Plano para um Novo Século (norte)Americano – NT) – a bíblia de Washington e do Estado Profundo de um olho só, escrita e periodicamente adaptada pelos AngloSionistas de um só olho no topo do Echelon. Estão quase lá (Echelon – rede de espionagem e vigilância em escala global, capitaneada pelos EUA e que engloba mais quatro países, cada um deles chamado de “olho”: Japão, Austrália, Israel e Reino Unido. O que o autor parece estar colocando é que o Echelon seria dominado totalmente pelos EUA, como se tivesse um só olho que importa – NT).

Por que agora a Espanha? – a Espanha foi poupada de grandes ataques terroristas desde o ataque11-M (ataque de 11 de março de 2004) quando algumas explosões na estação ferroviária de Atocha mataram perto de 192 pessoas e feriram mais de 2000, três dias antes das eleições presidenciais. Embora o ataque terrorista fosse imediatamente colocado nas costas da Al Qaeda, nada teve a ver com o Jihadismo, nenhuma prova nesse sentido jamais foi encontrada. Foi um trabalho do governo de extrema-direita do PP (Partido Popular), no poder na época, que culpou o Partido Socialista (PSOE), esperando assim derrotá-lo nas urnas. O tiro saiu pela culatra. Os socialistas venceram e ficaram no poder por dois mandatos, em total de oito anos. Mas em seu segundo mandato, os socialistas também foram dominados pelos neoliberais na Espanha, como aconteceu por toda a Europa. Os socialistas se tornaram, e continuam sendo, traidores do povo espanhol.

A Espanha atual, depois de um golpe parlamentar “soft”, que passou quase sem ser percebido, deslizou calmamente para o governo neoliberal de Rajoy. Dessa forma, a Espanha supostamente está segura para o sistema. Seguiu nos mínimos detalhes a política do FMI e hoje está com a dívida em 100% do Produto Interno Bruto, bem acima dos 66% antes da crise neoliberal artificialmente fabricada e que atingiu a Europa e o mundo ocidental em 2007/2008.

É exatamente o que quer o sistema. A Espanha está pronta para mais um colapso econômico, orquestrado em conivência com a sua própria liderança. Pronta para mais uma etapa de saque – mais privatização, corte de pensões e salários básicos – o normal. Mais uma vez, olhe para a Grécia e pense se não há um padrão. O apetite ganancioso de Wall Street jamais será saciado. Trata-se da economia fraudulenta do dólar (e do euro), que nos escraviza e torna essa tragédia humana factível – e as pessoas jamais parecem perceber o que está por trás dessa miséria planejada.

A Espanha já está prontinha para uma nova “ordenha”. Assim, por que mais sofrimento justo agora? – Acontece que a Espanha é um país importante da OTAN, com três bases navais e militares. A maioria da população odeia a OTAN e quer se ver livre dela. A melhor maneira de ficar é convencendo a população de que as forças da OTAN são úteis para defendê-la dos ataques islâmicos. Claro, fraco e com medo, você aceita (quase) qualquer coisa. Na verdade, você chama o opressor para proteger você – uma espécie particularmente horrível de síndrome coletiva de Estocolmo.

Portanto, não sejamos mais enganados pelas palavras vazias e hipócritas de nossas lideranças vassalas (sic) de nossos três países europeus mais poderosos, que estão aplainando caminho doloroso para que as populações do continente europeu se tornem gradativa mas seguramente escravizadas, virando servos desgraçados e impotentes, privados de direitos civis e humanos. Nós agora já estamos a caminho desse destino. Você já percebeu?

O nome disso é fascismo sorridente. Trata-se de um fascismo que se move lentamente e fascina você de várias maneiras, puxando-o cada vez mais fundo para um abismo sem retorno. É o fascismo neoliberal, que derruba todas as leis e regulamentos que algum dia possam ter protegido a você, seus bens e economias dura e honestamente ganhos; tudo é ofertado ao deus mercado. Até as pensões e o seu dinheiro. Não são mais propriedade sua. Quem decide é o Mercado. Não acredita? – olhe para a Grécia, olhe. – “Não vai acontecer comigo”. – Bem, infelizmente tenho que lhe dizer que vai, sim, se você não retomar os destinos da sua nação e torná-la novamente o SEU PAÍS SOBERANO. É melhor agir antes que depois. O tempo urge.

Naturalmente, a situação pode piorar até se tornar insuportável, ao ponto de que você não vai aguentar mais e resolva tomar as ruas. Será tarde. A guerra urbana estará prontinha para ser lançada contra você.

O fascismo sorridente te conduz até um ponto do qual não há mais volta. É um novo tipo de fascismo. Não é o fascismo de Hitler. É mais light, leve, sofisticado. Mas mortal, caso você ofereça resistência. Você está cercado por uma espécie de Matrix gerida pela tristeza, cercada de policiais e militares por todos os lados, prontos para atirar – mas você ficará bem e será alimentado, se concordar e for submisso. Este é o acordo.

Barcelona, Nice, Londres, Berlim, Munique, Paris, Bruxelas, Estocolmo – e seja lá onde for que isto acontecer, não passam de meras pedrinhas que compõem um mosaico cada vez maior. Seria melhor para você se conseguisse perceber o que a pintura inteira, o mosaico parecerá quando estiver terminado – acredite, o quadro total é mau, verdadeiramente nojento.

Pense sobre as palavras de condolências que o presidente Putin mandou para o Rei Felipe VI da Espanha: “Nós condenamos totalmente estes crimes brutais e cínicos contra civis. O que aconteceu mais uma vez vem enfatizar a necessidade de que a comunidade global junte esforços para lutar contra as forças do terror”.

O Sr. Putin não mencionou o Islã. Ele sabe perfeitamente que estava falando com líderes que estão deitados na mesma cama do terror e que tirar tais líderes dessa cama não passa de um sonho. Eles ou são comprados ou amedrontados – com promessas de que o céu é o limite – para liderar este sistema de terror até alcançar uma Nova Ordem Mundial, ou como disse tão eloquentemente o presidente Modi, da Índia, em uma entrevista recente para a RT – até que o mundo inteiro eventualmente se torne uma única família feliz. – Bingo.

Mas ainda não é o final. Há alternativas. O mundo ocidental é como um navio que afunda lentamente. É um naufrágio em câmara bem lenta, devagar e sorridente como o fascismo que o conduz. Nós talvez nem percebamos. Mas olhe em volta, as mortes massivas, as fraudes, a ilegalidade que grassa em todos os níveis, com os maiores deles dentro dos governos em geral. Esqueça a mídia corporativa. Ela é uma fábrica de mentiras.

Hoje, precisamos todos estar conscientes. Os próximos dois séculos ou mais, serão a Era do Oriente – a Rússia e a China estão abrindo os portões para uma Economia de Paz, liderada pela iniciativa do presidente Xi Jinping, o imenso projeto multifacetado OBI – One Belt Initiative (Iniciativa Um Cinturão – NT) – antes conhecido como OBOR – One Belt, One Road (Um Cinturão, Uma estrada – NT); uma nova Rota da Seda que se estende de Xangai para Hamburgo e de Vladivostok para Lisboa conectando ao mesmo tempo a Síria e o Irã no Sul.

Seja destemido! Ouse ser diferente, destaque-se. Fuja da mentira e da fraude na qual estamos vivendo pelos últimos dois milênios, traçando um caminho de volta para o Império Romano e que pode em breve estar alcançando um clímax, um duro e sangrento clímax que talvez elimine a vida na Terra através de um holocausto nuclear que nos matará a todos. Porque a besta moribunda pode não querer deixar sobreviventes em nosso planeta.

Peter Koenig é economista e analista de geopolítica. Trabalhou como integrante da equipe do Banco Mundial e interagiu pelo mundo inteiro nos campos de meio ambiente e recursos aquáticos. Escreve regularmente para Global Research, ICH, RT, Sputnik, PressTV, The 4th Media (China), The Vineyard of The Saker Blog e outros sites na internet.

- artigo original: http://thesaker.is/barcelona-the-hypocrisy-of-sorrow/

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