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O mercado de armas cresce no turbilhão da crise capitalista

As potências imperialistas têm incentivado a corrida armamentista nos países atrasados para compensar o aprofundamento da crise capitalista nos países centrais. Aumenta o parasitismo do chamado complexo industrial militar

Causa Operária - 29 de fevereiro de 2012

http://www.pco.org.br/internacional/o-mercado-de-armas-cresce-no-turbilhao-da-crise-capitalista/esiy,j.html

De acordo com dados publicados pelo SIPRI (Instituto de Pesquisas para a Paz Internacional de Estocolmo) no dia 27 de fevereiro deste ano, as 100 maiores empresas do setor armamentista, sem considerar as empresas chinesas, faturaram US$ 411,1 bilhões no ano de 2010 com a venda de armas e serviços militares. O crescimento do faturamento foi de “apenas” 1% em relação ao ano anterior o que reflete o impacto da crise capitalista mundial, mas, ao mesmo tempo, a tendência ao crescimento implantada como uma das principais políticas imperialistas desde 2002. Entre 2002 e 2010 o crescimento foi de 60% sob a influência da política imperialista norte-americana da guerra ao terror.

O monopólio do mercado armamentista pelo imperialismo norte-americano e o imperialismo europeu fica evidente, pois as 44 multinacionais baseadas nos EUA foram responsáveis por 60% do faturamento total e as 30 empresas europeias por 29%. O monopólio fica ainda maior quando consideramos que as dez maiores multinacionais do setor faturaram 56% do total: a Lockheed Martin (EUA) faturou 78% de US$ 35,750 bilhões com a venda de armas (US$ 33,430 em 2009). A BAE Systems (Brã Bretanha) 95% dos US$ 32,880 bilhões (US$ 32,540 em 2009). A Boeing (EUA) 49% dos 31,360 bilhões (US$ 32,300 bilhões em 2009). A Northrop Grumman (EUA) 81% dos US$ 28,150 bilhões (US$ 27 bilhões). A General Dynamics (EUA) 74% dos US$ 23,940 bilhões (US$ 23,380 bilhões em 2009). A Raython (EUA) 91% dos US$ 22,980 bilhões (US$ 23,380 bilhões em 2009). A BAE Systems (EUA) 100% dos US$ 17,9 bilhões (US$ 19,280 bilhões em 2009). A EADS (Alemanha/ França) 27% dos US$ 16,360 bilhões (US$ 15,930 bilhões em 2009). A Finmecanica (Itália) 58% dos US$ 14,410 bilhões (US$ 13,280 bilhões em 2009). A L3-Communications (EUA) 83% dos US$ 13,070 bilhões (US$ 13,010 em 2009). A United Technologies 21% dos US$ 11,410 bilhões (US$ 11,110 bilhões em 2009).

A corrida armamentista nos países atrasados

Os principais compradores de armamentos têm sido os países atrasados nos últimos anos. O acirramento dos conflitos regionais e das políticas nacionalistas, provocados pelo enfraquecimento econômico, político e militar do imperialismo, principalmente, após as derrotas no Afeganistão e no Iraque, também têm sido, em parte, impulsionados pelas multinacionais imperialistas com o objetivo de desovar a produção devido ao aprofundamento da crise capitalista nos países centrais. Verdadeiras corridas armamentistas podem ser observadas na região Ásia Pacífico, envolvendo a China, Índia, Coreia do Sul e, até certo ponto, o Japão; no Oriente Médio, com Israel, Arábia Saudita, Qatar e o Irã; e na América Latina, com a Venezuela, Colômbia, Brasil e Argentina.

O Departamento de Defesa dos EUA tem um departamento cuja função é promover a venda de armas. Muitos dos créditos e empréstimos internacionais, mascarados como ajuda para o desenvolvimento, assim como os subsídios para as multinacionais imperialistas, são concedidos sob a condição de que sejam destinados à compra de armas. Segundo estimativas do próprio Departamento de Comércio dos EUA, a metade das “luvas” (que, em verdade, é corrupção direta), nas transações comerciais no mercado mundial, está relacionada com a venda de material bélico. No Reino Unido, essas “luvas” possibilitavam descontos no pagamento de impostos até o ano 2001.

O aumento do parasitismo do chamado complexo industrial militar

Nos EUA, o número de empresas fornecedoras do Departamento de Defesa passou de 22.000 em 1961 para 135.000. Considerando que o chamado orçamento de “defesa” encontra-se dividido entre vários departamentos ou ministérios, o valor ultrapassa os U$ 1,5 trilhões, o que corresponde a quase 50% do orçamento federal e a 30% dos impostos federais arrecadados; teve uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 9% desde o ano 2000, o que representa mais de três vezes a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no período. Considerando ainda as verbas secretas, o valor pode ultrapassar os U$ 2 trilhões em 2012.

Por trás das multinacionais do setor armamentista, estão os grandes bancos imperialistas e outras multinacionais “civis” que obtêm grandes contratos vinculados aos orçamentos militares. Calcula-se que o chamado complexo militar industrial dos EUA seja responsável por mais de 50% da economia do país. A maioria das vagas de trabalho abertas nos últimos três anos nos EUA foram no setor militar. O exército dos EUA possui mais de 1,5 milhões de soldados, além de milhões de contratistas (mercenários terceirizados).

Nos EUA, a indústria armamentista encontra-se dominada pelas multinacionais Lockheed Martin, Northrop Grumman, Boeing, Raytheon, United Technologies, Aerojet, Rocketdyne, Honeywell, MiltonCAT e a GE; empregam mais de um milhão e meio de trabalhadores e monopolizam os principais contratos. O contrato assinado pelo governo dos EUA com a Lockheed Martin, em outubro de 2001, o F-35 Joint Strike Fighter, tem um orçamento estimado para o seu desenvolvimento de mais de U$ 9 bilhões, e o compromisso de compra pelo governo de 2.443 unidades dessas aeronaves, o que, considerando um custo de U$156 milhões por unidade, representa quase U$ 400 bilhões. Outros contratos, como os programas de Defesa contra Mísseis Balísticos (Aegis, THAAD, PAC-3) e o Submarino Classe Virgínia ultrapassam, respectivamente, os U$ 5 bilhões em custos de desenvolvimento; cada submarino custará em torno de U$ 2 bilhões, e o governo dos EUA comprará dois por ano a partir de 2012. A Northrop Grumman é o maior construtor naval do mundo, e também fabrica caça-bombardeiros e sistemas eletrônicos.

Na Europa, o setor militar é dominado pela EADS, BAE Systems, Thales, Dassault,Saab e a Finmeccanica. A aliança do imperialismo inglês com o imperialismo norte-americano se fortaleceu com a adoção da BAE Systems como uma das principais fornecedoras de material bélico para o governo dos EUA, a aliança na indústria petrolífera, com a BP-Amoco, e a rejeição do governo inglês de integrar a zona do euro.

A dependência da economia dos EUA da produção de armas tem aumentado consideravelmente desde os anos 30. Fortemente enfraquecida devido à depressão que se seguiu à crise que estourou em 1929, o sistema capitalista passou a se manter, e até a passar por um período de relativa “bonança” entre 1948 e 1967, mediante mecanismos artificiais. O principal deles foi o aumento exponencial dos investimentos estatais na produção de armas, o que levou à estruturação do chamado complexo industrial militar. Nos países imperialistas europeus, o processo de militarização da economia e da sociedade apresenta uma evolução similar à dos EUA.

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