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O Wachovia Bank faz lavagem para os carteis da droga

Por Ernesto Carmona

Fundação Lauro Campos - 19 Dez. 2012

http://laurocampos.org.br/2012/12/o-wachovia-bank-faz-lavagem-para-os-carteis-da-droga/

Um investigador de fraudes (whistleblower) ajudou a expor diante do mundo a surpreendente lavagem multimilionária de dinheiro da droga em importantes bancos estadunidenses e a assombrosa falta de supervisão das autoridades federais.

Entre 2004 e 2007, o banco Wachovia – comprado em 2008 por Wells Fargo & Company – manejou fundos ilícitos que somaram 378,4 bilhões de dólares em operações de lavagem com casas de câmbio de moeda mexicanas que atuam em nome de carteis da droga. As transações significam a maior violação da história dos Estados Unidos da Ata de Segredo Bancário, uma lei antilavagem de dinheiro. Este caso não é excepcional: Wachovia é apenas um entre vários bancos estadunidenses e europeus que lavam dinheiro para os carteis latinoamericanos da droga.

A única fonte citada pelo Projeto Censurado para a seleção desta notícia foi o informe de Clarence Walker em AlterNet de 10 de junho de 2011, que se transcreve aquí:

“Martin Woods, um cidadão inglês que media a quarentena, foi agraciado com o instinto e o estilo de Sherlock Holmes. O senhor Woods é um especialista em farejar a passagem de dinheiro “sujo” através dos sistemas bancários internacionais.

“Ex-oficial de polícia durante 18 anos e depois detetive da London Metro Police Agency, Woods capitalizou sua experiência única como especialista em fraude ao unir-se à sede em Londres do Wachovia Bank, em março de 2005, como agente anti-lavagem de dinheiro.

“Depois de tomar esse trabalho, não passou muito tempo para descubrir que seu próprio empregador, um dos principais bancos dos Estados Unidos, era um jogador importante no apoio aos carteis da droga “sedentos de sangue” do México para o branqueamento de bilhões de dólares de dinheiro da droga através da rede de sucursais do banco Wachovia. Woods rastreou e identificou uma “série de transações suspeitas” relacionadas com a sede no México e a empresa Casa de Cambios (CDC).

“Casa de Cambios realiza operações há muito tempo em câmbio de divisas ao longo da fronteira dos Estados Unidos-México para remeter transferências transfronteiriças de dinheiro destinado a pagar salários laborais. E o lado ilegal de Casa de Cambios também é conhecida como a autopista de narconegócios nos Estados Unidos e nos mercados financeiros estrangeiros.

“Quando Woods se concentrou em revisar os números sequenciais de cheques de viajem enviados pe la CDC descobriu que grandes quantidades de fundos excediam em muito o que necessitaria qualquer pessoa normal. Os cheques duvidosos da CDC careciam de informação de identificação adequada ou não tinham nenhuma em absoluto, inclusive havia assinaturas ilegíveis estampadas nos documentos de cada transação.

“A raíz dessa descoberta, o investigador Woods emitiu um “informe de atividade suspeita” (SAR, em inglês) sobre uma série de transferências financeiras e depósitos da CDC. Logo, ele mesmo requereu um bloqueio temporário da CDC para comprovar transações pendentes com uma investigação maior.

“Não muito tempo depois, ocorreu uma acalorada troca de palavras. Um gerente senior, com sede em Miami, qualificou de “defensivos e injustificados” os informes SAR de Woods.

“Sintindo-se cansado”, como Woods o recorda, “foi cominado pelo staff do banco a mudar de tática e desenvolver uma compreensão melhor do México”.

“Altos funcionários do Wachovia Bank ordenaram a Woods que deixasse de fazer perguntas sobre as CDCs mexicanas e também de deter o bloqueio de contas de países da Europa do Este e de Moscou. O investigador britânico cutucou: “Eu não preciso colocar palitos no México. Meu interesse são o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro”.

“Seu instinto se revelou correto. Em 10 de abril de 2006, em horas da manhã, aterrizou um avião DC-9 na pista do Aeroporto Internacional da portuária Ciudad del Carmen, situada ao este de Ciudad de México. Uma vez desligadas as turbinas, soldados militares treinados por agentes do FBI dos Estados Unidos suspeitaram do avião e imediatamente cercaram a aeronave. Armados com alto poder de fogo, os soldados revistaram o avião de luxo e descobriram mais de cinco toneladas de cocaína pura empacotadas en maletas.

“A droga foi avaliada em 120 milhões de dólares e os agentes federais estadunidenses que trabalhavam com o México mais tarde determinaram que a droga se dirigia aos Estados Unidos, procedente da Venezuela. Um esconderijo de documentos encontrado no avião finalmente identificou conexões discretas entre um banco norteamericano e uma operação monetária da Casa de Cambios Puebla, com sede no México. Uma investigação posterior demostraria que Wachovia Bank lavou bilhões de dinheiro de droga ilegal no sistema financeiro dos Estados Unidos em nome da Casa de Cambios com sede no México.

“Com a lei federal dos Estados Unidos puxando para trás, a investigação de Martin Woods ajudou os agentes federais estadunidenses a construir um caso hermético contra Wachovia Bank. De partida, os agentes federais descobriram que 13 bilhões de dólares de dinheiro da droga foram transferidos pela CDC a contas de bancos corresponsáveis do Wachovia para adquirir aviões destinados aol uso do tráfico de drogas da Colômbia para o México e logo os embarques de drogas eram enviados aos Estados Unidos.

“Esta investigação de alto perfil, em última instância, revelou que entre 2004-2007, uma quantidade assombrosa de lucro das drogas ilegais, num total de 378,4 bilhões de dólares, foi transferida ao Wachovia pelas Casas de Cambios, com base no México, que violavam a normativa do governo dos Estados Unidos contra a lavagem de dinheiro.“

E os demais bancos, o quê?

Um informe mais antigo (2010) de Robert Oak, em EconomicPopulist.org, esclarece que o Banco Wachovia foi adquirido pela Wells Fargo e outro informe de Bloomberg implica três bancos em lavagem de dinheiro para os carteis mexicanos: Wells Fargo, HBSC e Bank of America, segundo a documentação apreendida no DC-9 que transportava 5,7 toneladas de cocaína. O avião foi comprado pelos traficantes com fundos lavados e transferidos por estes dois grandes bancos dos Estados Unidos: Wachovia Corp. e Bank of America Corp. Sem dúvia, esses não são incidentes isolados, mas apenas a ponta visível de uma imensa montanha submersa.

O American Express Bank International, com sede em Miami, pagou multas em 1994 e 2007 depois de admitir que fracassara em detectar e reportar lavagem de dinheiro de narcotraficantes através de suas contas. Os narco utilizaram contas do Bank of America em Oklahoma City para comprar três aviões capazes de transportar até 10 toneladas de cocaína, segundo documentos judiciais mexicanos.

Os agentes federais capturaram pessoas que trabalham para os carteis mexicanos depositando fundos ilícitos em contas do Bank of America em Atlanta, Chicago, e Brownsville, Texas, de 2002 a 2009. Narcotraficantes mexicanos utilizam empresas fictícias para abrir contas no HSBC Holdings Plc, com sede em Londres, o maior banco da Europa por ativos, segundo uma investigação realizada pelo Ministério das Finanças do México. Todavia, ficam muitos fios ocultos enrolados no carretel do grande negócio bancário da lavagem internacional de dinheiro da droga.

Fonte: Cuba Debate, 18 de dezembro de 2012
Tradução: Sergio Granja

http://laurocampos.org.br/2012/12/o-wachovia-bank-faz-lavagem-para-os-carteis-da-droga/

Saiba mais:

http://www.theguardian.com/world/2011/apr/03/us-bank-mexico-drug-gangs

http://www.globalresearch.ca/money-laundering-and-the-drug-trade-the-role-of-the-banks/5334205


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