Novo governador do Banco do Reino Unido passou pelo Goldman Sachs
por Anabela Natário, com Maria Luiza Rolim / Expresso.pt
27 de novembro de 2012
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Mark Carney, economista canadiano que vai presidir ao Banco do Reino Unido a partir de 2013, trabalhou durante 13 anos para o Goldman Sachs.
O Reino Unido escolheu para presidir ao banco central do país, a partir de julho do próximo ano, um canadiano, economista que trabalhou 13 anos no Goldman Sachs. O seu nome é Mark Carney, tem 47 anos e é o atual presidente do Banco do Canadá.
Mark Carney, cuja escolha ontem anunciada causou estranheza em Londres, passou pelos escritórios de Londres, Tóquio, Nova Iorque e Toronto, do banco de investimento mais famoso do mundo, investigado por um jornalista francês do "Le Monde" que lançou este ano o livro "O Banco - Como o Goldman Sachs dirige o mundo".
O autor da obra publicada em Portugal no passado mês de junho, defende a existência de um paralelo entre as políticas de austeridade na Europa e a presença de antigos altos quadros do banco na política europeia. Para Marc Roch, a doutrina financeira anglo-saxónica liderada pelo banco norte-americano Goldman Sachs atua nos bastidores do poder na Europa, pondo em causa a regulação em nome do lucro.
Altos quadros nos lugares mais diversos
Portugueses como António Borges, Carlos Moedas e Horta Osório trabalharam no Goldman Sachs. O actual presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, foi director-geral do mesmo banco, entre 2002 e 2005, e o antigo presidente da Comissão Europeia Romano Prodi também. Mark Patterson, chefe de gabinete do actual secretário do Tesouro dos EUA fazia lóbi para defender os interesses do banco.
A última notícia que envolveu o Goldman Sachs, liderado por Lloyd Blankfein, foi em Outubro, quando um ex-administrador foi condenado a dois anos de prisão e uma multa de cinco milhões de dólares (3,9 milhões de euros) por fornecer informação privilegiada a um investidor conhecido, bilionário.
O novo governador do Banco do Reino Unido tinha 30 anos quando ingressou no Goldman Sachs e abandonou os seus quadros em 2003, como faz notar na sua pequena biografia publicada no site do Banco do Canadá, ao decidir dedicar-se ao "serviço público", entrando no banco canadiano como vice-governandor.
Bacharel em economia pela Universidade de Harvard, em 1988, prosseguiu os estudos em Oxford, onde fez, no ano de 1993, mestrado e, dois anos depois, doutoramento em economia, Mark Carney deixou o Banco do Canadá em 2004 para trabalhar no Ministério das Finanças canadiano. Mas voltou quatro anos depois já como governador.
Não constava da lista dos favoritos
Mark Carney não é uma figura conhecida fora do meio das finanças, e nem sequer constava da lista dos favoritos para substituir Mervin King, quando este se retirar em 2013, mas, segundo disse ontem o ministro inglês das Finanças George Osborne, "é a melhor pessoa, mais experiente e mais qualificada do mundo para o trabalho".
Carney, nasceu em Fort Smith, no Canadá, mas já decidiu pedir a nacionalidade britânica, a mesma da sua mulher, a economista Diana Fox, que conheceu quando estudava em Oxford, no Reino Unido. Desde 2011, é também CEO do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), que coordena a resposta dos órgãos reguladores globais à crise financeira em nome do G-20, isto é, o organismo responsável por reforçar a regulação financeira internacional pós-crise.
O Governo britânico, afirmou Osborne, espera de Carney não somente uma nova liderança e abordagem, mas, também, uma ajuda na recuperação da economia britânica, na redução do défice e em "equipar o Reino Unido para vencer a corrida global".
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