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A mega-fraude do Goldman Sachs e a nova especulação

Perguntas Parlamentares - Parlamento Europeu

10 de Maio de 2010

PERGUNTA ESCRITA apresentada por Cristiana Muscardini (PPE) à Comissão

http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+WQ+E-2010-3271+0+DOC+XML+V0//PT

Sabia-se que os activos do Goldman Sachs (GS) cobriam apenas uma parte mínima do valor dos seus derivados, mas ainda assim não foi sem alguma surpresa que tomámos conhecimento de que, actualmente, esse banco detém 49 000 milhares de milhões de dólares em OTC (operações fora de bolsa), contra um valor real dos seus activos de 849 mil milhões de dólares, ou seja, a quinquagésima oitava parte. No final de 2008, o banco ostentava derivados OTC no valor de 30 200 milhões de dólares e, no fim de Março de 2009, ou seja, três meses depois apenas, possuía mais 10 000 milhares de milhões. Não esqueçamos que, durante a crise mais grave e mais devastadora da história, e enquanto se lançava de cabeça na especulação em derivados, o GS obtinha mais 10 mil milhões de dólares em ajudas do Tesouro, ao abrigo do programa TARP (Troubled Asset Relief Program, programa de ajuda a activos problemáticos). Entretanto, os gestores do banco ganhavam bónus no valor de 4,8 mil milhões de dólares. A voragem do GS, o crime de fraude de que foi acusado pelo SEC (Securities and Exchange Commision, órgão regulador da bolsa) e a queda das suas acções no mercado de Wall Street vieram desestabilizar todas as bolsas. Esta escandalosa situação bancária vem somar-se à subida vertiginosa dos preços das matérias-primas, na esteira da especulação. Se o sistema se vir inundado de liquidez sem que, entretanto, tenham sido construídas vias fortes para a encaminhar, mais cedo ou mais tarde, esta acabará por cair onde possa gerar elevados lucros, mesmo a expensas de toda a economia. O custo do resgate bancário nos EUA ascendeu a 2 500 mil milhões de dólares, enquanto o custo total da crise nesse país oscila entre os 3 500 e os 5 000 milhares de milhões de dólares, ou seja, o equivalente ao custo da Segunda Guerra mundial a preços actuais. O mundo da finança não quer reformas e tenta provocar uma vaga de inflação que conduza a uma situação de emergência e, logo, à possibilidade de chantagem, como aconteceu durante a crise bancária. A própria administração Obama está ciente da situação e denuncia os grandes bancos e sociedades financeiras americanas, que despendem, por dia, 1,4 milhões de dólares em operações dos grupos de pressão visando «anular a vontade política de mudança».

Solicita-se à Comissão que responda às perguntas seguintes:

1. Não considera provocatório e perigoso este regresso dos grandes nomes da finança ao palco dos jogos especulativos com os fundos de resgate concedidos pelos governos e com dinheiro obtido a taxa zero?

2. Concorda que a recente subida especulativa dos preços das matérias-primas não resulta da dinâmica do mercado, mas antes da decisão da finança de desafiar desde já o sistema político, que continua a falar de reformas globais mas hesita em concretizá-las?

3. Não considera que o cerne do problema está no mecanismo e, consequentemente, na fraude dos derivados OTC que são negociados entre bancos e fundos especulativos fora dos mercados regulamentados, ou seja, não sujeitos a qualquer forma de controlo?

4. Por que razão não toma iniciativas para lançar imediatamente a reforma financeira?

Língua original da pergunta: Italiano

http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+WQ+E-2010-3271+0+DOC+XML+V0//PT

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