Toda a conversa pós-debate sobre se Biden tem o que é preciso para ser presidente - quando ele já o é - sugere que as pessoas sabem que não é ele quem está no comando.
É muito revelador como toda a gente se está a concentrar no que o mentalmente condicionado desempenho de Joe Biden no debate diz sobre a sua capacidade de ganhar a reeleição, em vez de se concentrar no facto de o actual presidente dos Estados Unidos ter demência.
Se teve a sorte de não ter assistido ao debate, Biden estava tão confuso e zonzo que não só a audiência da CNN disse por esmagadora maioria que o antigo Presidente dos EUA, Donald Trump, ganhou, enquanto a palavra “demência” foi largamente destacada no Twitter, como também foi uniformemente reconhecido como tendo sido uma horrível catástrofe pelos operacionais do Partido Democrata e pelos analistas liberais dos meios de comunicação social, que estão agora amplamente sugerindo que o Presidente deveria retirar-se da corrida.
Mas a conversa tem girado quase inteiramente em torno de Biden como candidato presidencial, com relativamente pouca atenção para o facto de esta pessoa ser neste momento o presidente. Toda a gente fala sobre se Biden pode garantir aos eleitores americanos que tem o que é preciso para ser presidente, e ninguém parece muito preocupado com o facto de ele já ser presidente e ir continuar a sê-lo durante meio ano.
O que isto sugere é que de algum modo as pessoas já sabem que o presidente dos Estados Unidos não governa realmente os Estados Unidos, mas ainda estão mentalmente compartimentadas relativamente a esta realidade o suficiente para se preocuparem com quem ganha as eleições presidenciais.
Se as pessoas acreditassem realmente que o presidente dirige o país, estariam a passar-se com o facto de Biden, na sua loucura, poder ordenar um ataque ao que ele pensa ser ainda a União Soviética ou bombardear a Líbia para matar Muhammar Kadhafi ou algo do género.
Não estão preocupados que isso aconteça porque sabem que o seu governo está a ser dirigido nos bastidores por não eleitos gestores do império, e que Biden é apenas o rosto oficial da operação.
Por isso, para manterem a normalidade da sua visão do mundo, os liberais estão simultaneamente a defender os dois conceitos completamente contraditórios de que (A) não importa quem é o presidente, porque o país é na verdade gerido por gestores de império não eleitos, e (B) que o desempenho de Biden no debate foi muito preocupante porque significa que Trump se tornará presidente.
Se deixarem de lado (A), então já não estão na dominante visão de mundo em que o seu país funciona como lhes foi ensinado na escola, e se deixarem de lado (B), então já não estão na visão de mundo dominante em que as eleições presidenciais são super importantes e todos os problemas do seu país são o resultado de os americanos votarem incorrectamente.
Estão entre as duas e tentam não pensar demasiado nas óbvias contradições entre elas, para evitar a dissonância cognitiva esmagadora que sentiriam se as analisassem demasiado de perto.
Na realidade, o império dos EUA tem marchado com toda a sua habitual depravação, apesar de o seu líder oficial ter um queijo suíço como cérebro todo este tempo.
Conseguiram o seu genocídio em Gaza e a sua guerra por procuração contra a Rússia, que ameaça o mundo, bem como uma política para a China que é muito mais agressiva do que a dos antecessores de Biden.
A máquina de assassínio imperial não tem falhado um único passo na sua incessante campanha de constante aumento da tirania global.
Isto aconteceu porque as eleições presidenciais norte-americanas são falsas e os resultados não interessam.
Não importaria se os americanos elegessem um labrador retriever ou uma garrafa de molho Tabasco; o império continuaria a avançar sem a mínima interrupção.
As guerras continuariam. A injustiça económica continuaria. O autoritarismo crescente continuaria. A oligarquia e a corrupção continuariam. O capitalismo ecocida continuaria. A extração imperialista continuaria.
As eleições EUA são apenas uma manobra de diversão para impedir que os norte-americanos se empenhem numa verdadeira mudança, de forma a desafiarem significativamente o poder, e os norte-americanos de algum modo já o sabem.
Quanto mais cedo deixarem de compartimentar este facto - do qual já estão vagamente conscientes - e enfrentarem a realidade, mais cedo poderão começar a trazer saúde tanto à sua nação como ao mundo.
Caitlin Johnstone é uma jornalista independente e rebelde de Melbourne (Austrália), apoiada pelos seus leitores. É a autora do livro de poesia ilustrado “Woke: A Field Guide For Utopia Preppers.” O seu trabalho é inteiramente apoiado por leitores e o seu sítio é aqui.
https://www.odiario.info/nao-e-biden-quem-gere-o/