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Os laços da Família Bush com a Alemanha Nazi

“Uma famosa família americana”. Fez a sua fortuna através dos nazis

por Michel Chossudovsky

Plutocracia.com - 9 de maio, 2019


Imagem: Senador Prescott Bush, avô de George W. Bush


“Uma famosa família americana” fez a sua fortuna através dos nazis, de acordo com a análise histórica de John Loftus.

Os laços da família Bush com a economia de guerra da Alemanha nazi, vieram à tona pela primeira vez nos julgamentos de Nuremberga por meio do depoimento do magnata do aço nazi Fritz Thyssen, da Alemanha. Thyssen era sócio do avô de George W. Bush, Prescott Bush:

Em Nuremberga de 1945 a 1949, um dos interrogatórios mais longos e fúteis a um suspeito de crimes de guerra nazi, tinha começado na zona de ocupação americana na Alemanha.

O multimilionário magnata do aço Fritz Thyssen – o homem cujo o aço constituía o coração frio da máquina de guerra nazi – falou extensivamente com uma equipa conjunta de interrogadores americanos e britânicos.

… O que os investigadores aliados nunca chegaram a perceber era que não estavam a formular as perguntas correctas a Thyssen. Thyssen não precisava de contas bancárias estrangeiras porque a sua família possuía secretamente uma cadeia inteira de bancos.

Thyssen não tinha de transferir os seus bens nazis no final da Segunda Guerra Mundial. Tudo o que tinha de fazer, era transferir os documentos de propriedade – ações, títulos e fundos – do seu banco em Berlim através do seu banco na Holanda, para os seus amigos americanos da cidade de Nova York: Prescott Bush e Herbert Walker [sogro de Prescott Bush]. Os parceiros de Thyssen no crime eram o pai e [avô] de um futuro presidente dos Estados Unidos [George Herbert Walker Bush]. (John Loftus, How the Bush family made its fortune from the Nazis: The Dutch Connection, Global Research, February 2002, edit by GR)

O público americano não tem conhecimento dos vínculos da família Bush com a Alemanha nazi porque o registo histórico foi cuidadosamente omitido pelos principais meios de comunicação social.

Em Setembro de 2004, no entanto, o The Guardian revelou que:

O avô de George Bush, o falecido senador americano Prescott Bush, era diretor e acionista de empresas que beneficiaram do seu envolvimento com financiadores da Alemanha nazi.

O The Guardian obteve a confirmação através de dossiers recém-descobertos nos Arquivos Nacionais dos EUA, de que uma firma da qual Prescott Bush era diretor, esteve envolvida com os arquitetos financeiros do nazismo.

Os seus negócios, que continuaram até que os ativos das suas empresas foram confiscados em 1942 sob a Lei do Comércio com o Inimigo, levaram 60 anos depois, a uma ação civil contra a família Bush por danos causados na Alemanha. Esta ação foi interposta por dois ex-trabalhadores escravos de Auschwitz, tendo originado alguns murmúrios de controvérsia pré-eleitoral.

As evidências, levaram também um ex-promotor de justiça americano de crimes de guerra, a argumentar que a ação do falecido senador deveria ter sido motivo suficiente para uma acusação, por dar ajuda e conforto ao inimigo. (Ben Aris and Duncan Campbell, How the Bush’s Grandfather Helped Hitlers Rise to Power, Guardian, September 25, 2004)

Uma questão bem mais fundamental não é se Prescott Bush ajudou Adolf Hitler (imagem abaixo).


De uma perspectiva histórica, o mais importante é saber como a ascensão ao poder de Adolf Hitler fortaleceu os interesses comerciais dos EUA na Alemanha.

Eleições presidenciais dos EUA

O artigo do The Guardian foi publicado em 25 de Setembro de 2004, no auge da campanha eleitoral dos EUA, que levou à reeleição de George W. Bush e Dick Cheney em 2 de Novembro de 2004.

Silêncio ensurdecedor. Os media dos EUA não forneceram cobertura alguma sobre a história da família de George W. Bush. Se o povo americano soubesse que a família Bush tinha vínculos com a Alemanha nazi, John Kerry teria conquistado a presidência em 2004, por uma margem de votos considerável.

Da mesma forma, Michael Dukakis teria ganho a presidência em 1989 contra George Herbert Walker Bush.

Na verdade, se este facto tivesse sido revelado ao povo americano nos julgamentos de Nuremberga (1945-1949), Bush sénior nunca teria entrado na política e o seu pai, Prescott Bush, nunca se teria tornado senador.

Existirá aqui um arquétipo? Terá de se ser um criminoso de guerra rico para se poder aceder a um alto cargo?

Prescott Bush tinha ligações com a Alemanha nazi, Bush sénior e George W. Bush tinham ligações com a família Bin Laden…

O que deve ser garantido para proteger a democracia americana é que nenhuma destas “verdades desconfortáveis”, que revelam crimes cometidos por políticos proeminentes, sejam objeto de cobertura dos media.

Escusado será dizer que a propaganda é essencial para defender a legitimidade dos candidatos presidenciais aos olhos da opinião pública.

Crimes de guerra. Crimes contra a humanidade

Crimes de guerra nazis com a cumplicidade de Wall Street e da família Bush?

Crimes de guerra dos EUA cometidos por Bush júnior no Iraque (2003) e Bush sénior (a Guerra do Golfo, 1991). Existe uma relação?

Qual foi o papel do falecido senador Prescott Bush nos seus negócios com a Alemanha nazi:

Enquanto o pai do presidente [George W. Bush] lidava com os Bin Laden, o seu avô [Prescott Bush], fez uma parte considerável da fortuna da família através dos seus negócios com a Alemanha nazi. Tem-se sugerido que os bens dos Bush têm a sua principal fonte, em parte, na exploração do trabalho escravo em Auschwitz.

Loftus argumenta que esse dinheiro – uma soma substancial na altura – incluía o lucro direto do trabalho escravo daqueles que morreram em Auschwitz.

Numa entrevista com o jornalista Toby Rogers, o ex-promotor de justiça disse:

“Já é mau o suficiente que a família Bush tenha ajudado a angariar fundos para que Thyssen permitisse a ascensão de Hitler na década de 1920, mas dar ajuda e conforto ao inimigo em tempo de guerra é uma traição. O banco de Bush ajudou os Thyssen a fabricar aço nazi que matou soldados aliados. Por muito mau que possa parecer financiar a máquina de guerra nazi, ajudar e encorajar o Holocausto é ainda pior. As minas de carvão de Thyssen, usavam escravos judeus como se fossem produtos químicos descartáveis. Há seis milhões de esqueletos no armário da família Thyssen e uma miríade de questões criminais e históricas para serem respondidas sobre a cumplicidade da família Bush. ”(ênfase adicionada)

Prescott Bush não era de modo algum o único, embora as suas conexões financeiras com o Terceiro Reich fossem talvez mais íntimas do que a maioria. Henry Ford era um admirador declarado de Hitler e, juntos, a GM e Ford, desempenharam um papel predominante na produção de camiões militares que transportavam tropas alemãs pela Europa. Após a guerra, ambas as empresas exigiram e receberam indemnizações por danos causados às suas fabricas alemãs pelos bombardeamentos aliados. (Bill Venn, A presidential visit to Auschwitz, The Holocaust and the Bush family fortune, WSWS.org, 5 June 2003)

Provas das ligações da família Bush com o nazismo estavam disponíveis muito antes de George Herbert Walker Bush (pai) e George W. Bush (filho) entrarem na política. De acordo com John Buchanan (New Hampshire Gazette, 10 October 2003):

Após 60 anos de desatenção e até negação dos media norte-americanos, documentos governamentais descobertos recentemente nos Arquivos Nacionais e na Biblioteca do Congresso, revelam que Prescott Bush, o avô do presidente George W. Bush, serviu como parceiro de negócios e agente bancário dos EUA para o arquiteto financeiro da máquina de guerra nazi de 1926 até 1942, quando o Congresso tomou medidas agressivas contra os “inimigos nacionais” (Bush e os seus parceiros).

Os documentos mostram também que Bush e os seus colegas – de acordo com relatórios do Departamento do Tesouro dos EUA – tentaram esconder a sua aliança financeira com o industrial alemão Fritz Thyssen, um barão do aço e carvão que a partir de meados dos anos 20, financiou pessoalmente a ascensão de Adolf Hitler ao poder pela subversão do princípio democrático e da lei alemã. Além disso, os registos desclassificados demonstram que Bush e os seus associados, que incluíam E. Roland Harriman, irmão mais novo do ícone americano W. Averell Harriman, e George Herbert Walker, bisavô materno do presidente Bush, continuaram os seus negócios com o magnata industrial alemão por quase um ano após a entrada dos EUA na guerra.

Embora os ativos da empresa de Prescott Bush tenham sido apreendidos em 1942 sob a Lei do Comércio com o Inimigo, o avô de George W. Bush nunca foi julgado pelos seus negócios com a Alemanha nazi.


“Em 1952, Prescott Bush foi eleito para o Senado dos EUA, sem que houvesse qualquer relato na imprensa sobre seu bem escondido passado nazi. Não há registo de nenhuma cobertura da imprensa norte-americana sobre a conexão Bush-nazismo durante as campanhas políticas conduzidas por George Herbert Walker Bush, Jeb Bush ou George W. Bush, com exceção de uma breve menção numa história não relacionada no jornal Sarasota Herald Tribune em Novembro de 2000 e um relato breve mas impreciso no The Boston Globe em 2001. ”(John Buchanan, op. Cit.)

Até à ocorrência do ataque a Pearl Harbor (Dezembro de 1941), Wall Street negociava com o inimigo. Mesmo depois do ataque a Pearl Harbor, a Standard Oil continuou a vender petróleo à Alemanha nazi por intermédio dos chamados “países neutros”, incluindo a Venezuela e a Argentina.

Traduzido por Plutocracia.com

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Michel Chossudovsky (1946) é um economista canadiano, professor emérito de Economia da Universidade de Ottawa. Foi professor visitante de várias universidades da Europa Ocidental, do Sudeste Asiático e da América Latina. Também é membro dos conselhos de várias organizações internacionais e consultor de governos de países em desenvolvimento. É autor de The Globalization of Poverty and The New World Order (2003) e America’s “War on Terrorism” (2005). Seu livro mais recente é Towards a World War III Scenario: The Dangers of Nuclear War (2011). Em 2001, fundou, em Montreal, o Centre for Research on Globalization (CRG), do qual é diretor.

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Artigo originalmente publicado em Global Research em março de 2016 e republicado em 2 de dezembro, 2018.


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