Eles mentem. Eles trapaceiam. Eles roubam. Eles bombardeiam. E inventam narrativas falsas
Os psicopatas talmúdicos estão obcecados não apenas em cuspir fogo contra o Eixo da Resistência, mas agora, também, em atacar os interesses nacionais da Rússia
por Pepe Escobar (pt-BR) | Strategic Culture Foundation
Brasil 247 - 5 de outubro, 2024
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Seria possível afirmar que a Noite da Retaliação Balística conduzida pelo Irã, uma resposta comedida às provocações em série perpetradas por Israel, tem menos peso, em termos da eficácia do Eixo de Resistência, que a decapitação da liderança do Hezbollah.
Mesmo assim, a mensagem bastou para deixar enlouquecidos os psicopatas talmúdicos. Apesar de todas as suas negações histéricas e sua saraivada de versões mentirosas, O Domo de Papel Higiênico e o sistema Arrow foram, de fato, inúteis.
A Guarda Revolucionária Iraniana comunicou que a chuva de mísseis foi inaugurada por um único Fatteh 2 hipersônico, que burlou o sistema de radar de defesa aérea Arrow 3 – capaz de interceptar mísseis na atmosfera.
E fontes militares iranianas bem-informadas afirmaram que hackers lançaram um ciberataque pesado para desorganizar o sistema Iron Dome logo antes do início da operação.
A Guarda Revolucionária Iraniana, por fim, confirmou que apenas cerca de 90% dos alvos foram atingidos, implicando que cada alvo deveria ser visitado por diversos mísseis, alguns deles sendo interceptados.
Quantos F-35s e F-15s nas duas bases aéreas acabaram sendo destruídos ou danificados ainda é uma questão aberta à especulação. Uma dessas bases, Nevatim, no Negev, se tornou literalmente inoperável.
A entente militar Irã-Rússia – parte de sua parceria estratégica ampla a ser assinada em breve – estava em funcionamento. A Guarda Revolucionária Iraniana usou o jammer eletromagnético recentemente fornecido pela Rússia para cegar os sistemas GPS de Israel/OTAN – inclusive os dos aviões dos Estados Unidos. O que explica o fato de o Iron Dome ser atingido a longa distância no vazio dos céus noturnos.
Pintando a retaliação do Irã como casus belli
Nada disso alterou substancialmente a equação dissuasiva. Israel continua a bombardear o sul do Líbano. O padrão permanece o mesmo: sempre que atacados, os genocidas urram de dor ou se lamuriam como um bebê chorão, embora sua máquina assassina continue a funcionar – tendo civis desarmados como alvos preferenciais.
O bombardeio não para nunca – e nem irá parar, da Palestina ao Líbano e à Síria, por todo o Oeste Asiático, e levando à “resposta” da Noite Balística do Irã.
O Irã está em uma posição geopolítica e militar extremamente dura – para não falar da situação geoeconômica, ainda submetida a um tsunami de sanções. É óbvio que as lideranças de Teerã têm plena consciência da cilada sendo montada pelo combo talmúdico-americano-sionista – que quer atrair o Irã para uma guerra de grandes proporções.
Jake Sullivan, um dos integrantes mais fervorosos do combo que de fato dita a política dos Estados Unidos (em nome de seus patrocinadores), levando em conta a condição patética do zumbi da Casa Branca, deixou tudo bem claro:
“Deixamos claro que haverá consequências – graves consequências – para esse ataque, e trabalharemos conjuntamente com Israel para garantir que isso aconteça”.
Tradução: A Noite da Retaliação está sendo pintada como um casus belli. Os Estados Unidos e Israel já estão culpando o Irã pela Mega-Guerra que possivelmente ocorrerá no Oeste Asiático.
Essa guerra é o Santo dos Santos desde, pelo menos, os tempos do regime Cheney – duas décadas atrás. Entretanto Teerã, se assim o decidir, já tem todo o necessário para transformar Israel em terra arrasada. Eles não o farão porque o preço a ser pago seria insuportável.
Mesmo que os psicopatas talmúdicos e os sio-cons, afinal, consigam realizar seu desejo, possibilidade essa muito remota, esta guerra atual, após uma campanha de bombardeios devastadores, só poderá ser ganha com o apoio maciço de tropas americanas no terreno. Seja qual for a narrativa que rola no pântano da mídia da Terra dos Thinktanks controlada pelos sio-cons, isso não vai acontecer.
Mesmo assim, a Marcha da Loucura prossegue ininterrupta: o Projeto Sionista, o abraço da morte Estados Unidos/Israel contra o Irã. Mas com um diferencial poderoso: o apoio da Rússia e, um pouco mais distante, da China. Esses três países são a tríade máxima dos BRICS. Eles são a vanguarda da tentativa de construir um mundo novo, justo e multinodal. E não é por acidente que eles são as principais “ameaças” existenciais ao Império do Caos, das Mentiras e da Pilhagem.
Agora que o Projeto Ucrânia escorre pelo ralo da História e enterra de uma vez por todas a “ordem mundial baseada em regras” no solo negro da Novorossiya, a verdadeira grande frente da Guerra Única, a nova encarnação das Guerras Eternas, é o Irã.
Paralelamente, Moscou e Pequim têm plena consciência de que quanto mais o Excepcionalistão se atolar no Oeste Asiático, mais espaço de manobra eles terão para acelerar o esgotamento do cambaleante Leviatã.
Gaza-sobre-o-Litani
O Hezbollah tem pela frente um tempo de graves dificuldades. Os recursos – especialmente o fornecimento de armas e material militar através da Síria e por via aérea do Irã para o Líbano – tornar-se-ão cada vez mais escassos. Compare-se a isso a ilimitada cadeia de fornecimento que abastece Israel vinda do Excepcionalistão – para não falar das toneladas de dinheiro vivo.
De precário os serviços de inteligência de Israel não têm nada – basta ver como seus comandos penetraram fundo, clandestinamente, em território dominado pelo Hezbollah, coletando informações sobre a rede de fortificações. Quando – na verdade, se – eles chegarem em áreas povoadas do Sul do Líbano, então haverá loucos bombardeios somados a artilharia pesada contra áreas residenciais.
Essa operação poderia ser chamada de Gaza-sobre-o-Litani, o rio que corta o Sul do Líbano. Ela só ocorrerá se a complexa rede do Hezbollah naquela região for desmantelada – um grande “se”.
Jeffrey Sachs, com todas as suas boas intenções, foi o mais longe que pôde na caracterização dos israelenses como terroristas extremistas defensores da supremacia judaica. Hoje, praticamente toda a Maioria Global tem consciência desse fato.
O próximo passo no planejamento sio-con-talmúdico talvez inclua uma terrível falsa bandeira, possivelmente após a eleição presidencial dos Estados Unidos. Um exemplo seria o ataque a um navio da OTAN ou a tropas dos Estados Unidos no Golfo Pérsico, para atrelar o novo governo à longamente planejada guerra contra o Irã. Dick Cheney terá um orgasmo – e baterá as botas.
Faltam apenas três semanas para a cúpula dos BRICS em Kazan sob a presidência russa. Em um nítido contraste com as guerras genocidas em série no Oeste Asiático, Putin e Xi estarão postados à porta – aberta – em nome dos BRICS+, dando as boas-vindas às dezenas de nações que fogem do Ocidente Coletivo como se foge da peste.
A Rússia, agora, dá o seu total apoio ao Irã – e tanto quanto na estrebuchante Ucrânia, isso significa que a Rússia está em guerra contra os Estados Unidos/Israel. Afinal das contas, o Pentágono está, diretamente, abatendo mísseis iranianos, enquanto Israel é de fato o principal estado dos Estados Unidos, sendo totalmente financiado com os impostos pagos pelos contribuintes estadunidenses.
Fica mais complicado a cada minuto. Imediatamente após uma importantíssima reunião entre Alexander Lavrentiev, o enviado especial de Putin à Síria, e Ali Akbar Ahmadian, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Tel Aviv entrou em modo Surto Grave – o que mais esperar deles? – e atingiu almoxarifados das forças russas na Síria.
Houve uma resposta conjunta de defesa aérea da Rússia e Síria. O que isso mostra é que os psicopatas talmúdicos estão obcecados não apenas em cuspir fogo contra o Eixo da Resistência, mas agora, também, em atacar os interesses nacionais da Rússia. A coisa pode ficar muito feia para eles em um piscar de olhos – o que é mais uma prova de que o nome do novo (e mortífero) jogo é Estados Unidos/Israel contra Rússia/Irã.
Tradução de Patricia Zimbres
Pepe Escobar nasceu em 1954 no Brasil, e desde 1985 trabalha como correspondente estrangeiro. Trabalhou em Londres, Milão, Los Angeles, Paris, Cingapura e Bangkok. A partir do final dos anos 1990s, passou a cobrir questões geopolíticas do Oriente Médio à Ásia Central, escrevendo do Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irã, repúblicas da Ásia Central, EUA e China. Atualmente, trabalha para o jornal Asia Times que tem sedes em Hong Kong/Tailândia, como “The Roving Eye”; é analista-comentarista do canal de televisão The Real News, em Washington DC, e colaborador das redes Russia Today e Al Jazeera. É autor de três livros: Globalistan. How the Globalized World is Dissolving into Liquid War, Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge e Obama does Globalistan.
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