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Washington está a travar uma Guerra de Nova Dimensão contra a China e irá amargamente perdê-la

por Peter Koenig | New Eastern Outlook

ODiario.info - 26 de março, 2019

https://www.odiario.info/washington-esta-a-travar-uma-guerra/

Depois se ter calado a tagarelice generalizada dos media corporativos ocidentais acerca das tarifas sobre importações chinesas Trump, homem de negócios egocêntrico mais do que Presidente do Império lançou, quase se poderia dizer “do nada” e sob o pretexto de comércio chinês “injusto,” uma nova e feroz campanha de agressão totalmente ilegal contra a rapidamente crescente economia da China. É uma campanha ilícita contra a concorrência chinesa, contra o inexorável crescimento chinês. É um reconhecimento tácito da emergente supremacia da China, que os Estados Unidos só podem enfrentar através de fraude, impostura e actividades ilegais. E isso apenas enquanto Washington controlar o sistema monetário ocidental. O que não será por muito mais tempo.

É uma agressão contra as principais empresas chinesas e contra a adopção pela China da política de um mundo multipolar – através da conexão de continentes, países, culturas, investigação conjunta, educação e agricultura, bem como desenvolvimento industrial através de vias de transporte, comércio igual, respeito mútuo e reconhecimento das vantagens comparativas das pessoas e países resultantes do conhecimento técnico e conferidas pela natureza. É baseado em intercâmbios justos e iguais. É a Iniciativa de muitos milhares de milhões de yuan Cinturão e Estrada (BRI), também chamada Nova Rota da Seda, uma iniciativa lançada em 2013 pelo Presidente Xi Jinping durante uma visita oficial à Indonésia e ao Cazaquistão.

O BRI consiste por agora em 6 rotas terrestres e marítimas, compreendendo actualmente cerca de 152 países e organizações internacionais na Europa, Ásia, África, Médio Oriente e América Latina.

Este novo gigante económico chinês é provisoriamente projectado até a década de 2040. O BRI é inclusivo e portanto tão forte que foi recentemente incorporado na Constituição da China. No entanto, foi largamente ignorado pelo Ocidente, e especialmente pela imprensa ocidental, com a ocidental política "Vogel Strauss" dos palermas: ignorem-na e ela desaparecerá. Agora o Ocidente dá-se conta de que não se vai embora e que é uma dura competição pela falsamente propagada superioridade comercial e económica ocidental. Tarde demais, meus amigos. Como tenho frequentemente dito, o Ocidente está lenta mas seguramente a cometer suicídio, por infindável ganância e sede de poder com impunidade, pela busca do rendimento de curto prazo, por guerras e conflitos implacavelmente provocados, matando camadas e camadas de sociedades humanas em todo o mundo para fazer ajoelhar os opositores desta pequena elite diabólica. Isto é a natureza. A natureza não apenas sobreviverá, mas superará e subordinará essa abordagem luciferiana à dominação mundial. O futuro está no leste. Definitivamente. Não há retrocesso.

Entre os primeiros passos da nova geração da agressão dos EUA contra a China está Washington a ordenar que o seu vassalo do norte, o Canadá, prenda a diretora financeira da Huawei (CFO), Meng Wanzhou, em trânsito no aeroporto de Vancouver em 1 de Dezembro de 2018.

A Huawei Technologies Co., Ltd. é uma fabricante multinacional chinesa de equipamentos de telecomunicações e eletrónica de consumo, com sede em Shenzhen. A Huawei é a sétima maior empresa de telecomunicações do mundo e foi fundada por Ren Zhengfei, um ex-engenheiro militar no Exército de Libertação do Povo, em 1987. Meng Wanzhou é filha e vice-CEO do fundador. Wanzhou é agora acusada de violar as totalmente ilegais sanções contra o Irão ao fazer negócios com o Irão. Washington, sem escrúpulos, coloca uma acção ilegal própria – sanções – sobre outra – tomando como refém uma dirigente de um forte concorrente chinês, para coagir a Huawei a cumprir as sanções ilegais impostas pelos EUA. É uma elaboração inacreditável. Mas ainda mais inacreditável é que o ditado das políticas abusivas de Washington ainda é seguido e, pior ainda, quase não há protestos.

Isso apenas é possível sem que a maioria do mundo ocidental se manifeste porque todos eles ainda reconhecem por enquanto os EUA como auto imposta nação excepcional, a nação que faz e quebra leis à medida que se mexe. Mas por quanto tempo mais?

A srª Wanzhou, ainda sob custódia canadiana, em risco de ser extraditada para a “justiça” (sic) dos EUA, pode enfrentar 30 anos de prisão por absolutamente nenhuma infracção ilegal, apenas agindo contra o que os EUA inventaram como lei – sanções – a que todos têm que aderir sob pena de serem eles próprios sujeitos a sanções. Podem ver quão doente se tornou o nosso sistema ocidental?

Agora é uma guerra sem bombas. Tornou-se uma guerra de economia, reconhecendo que uma guerra com bombas e mísseis não poderia já ser vencida pelos EUA – não que eles já o tenham feito! – desde que a Rússia e a China desenvolveram equipamentos militares tecnicamente muito superiores. Assim, o último trunfo dos Estados Unidos está em operar o seu fraudulento sistema monetário até à última trincheira.

A Venezuela, uma das únicas e últimas democracias verdadeiras do Ocidente, tem sido agredida no decurso dos últimos 20 anos, com um apogeu actual dessa agressão, porque se recusa a submeter-se às regras de Washington, abandonando a sua ideologia socialista, entregando os seus recursos naturais, as maiores reservas de petróleo e de gás do mundo às corporações usurpadoras do império, as mesmas que usurparam e escravizaram o povo venezuelano durante cem anos antes de o presidente Hugo Chávez chegar ao poder em 1999 e começar a mudar as regras para o povo, afastando os usurpadores e nacionalizando os recursos do país para benefício do povo venezuelano.

Hoje o império está a travar uma guerra contra a Venezuela, uma guerra sem bombas, uma guerra financeira e económica, graças ao fraudulento sistema monetário que as sociedades ocidentais abraçam e aceitam a contragosto e contra o qual ainda hoje não se atrevem a objectar abertamente. O império está a aplicar a ilegalidade internacional das ilegalidades, “sanções”, interferência nos assuntos internos de outro país, bloqueando comércio, transferências monetárias, e confiscando – isto é, roubando – milhares de milhões de dólare sem activos venezuelanos no exterior.

Washington está a coagir e chantagear os ditos aliados dos EUA a fazer o mesmo, cometendo um baixo “assalto de estrada”. Até agora o equivalente a US $ 40 a 50 milhares de milhões em todo o mundo foram bloqueados e no essencial roubados, incluindo 1,2 milhares de milhões de dólares de ouro retidos na City de Londres. Ao confiscarem os activos estrangeiros da Venezuela e boicotar as vendas de hidrocarbonetos da Venezuela – a Venezuela fica em apuros mas não em desespero, não a morrer de fome como os media ocidentais gostariam quese acreditasse. Não a Venezuela consegue gerir a situação com calma, orgulho e sólida solidariedade.

Uma situação semelhante prevalece na Síria, onde o exército nacional sírio, com a ajuda do Irão, da Rússia e do Hezbollah, praticamente derrotou a rede terrorista do ISIS, Al Nusra et al. Por outras palavras, os Estados Unidos, NATO, Estados ocidentais e do Golfo, aliados vassalos que estiveram – e ainda estão – a financiar por procuração essas organizações terroristas perderam a sua guerra de bombas, a sua luta pela “mudança de regime” – pelo menos por enquanto. Nós sabemos, o império não vai simplesmente largar da mão, só o fará quando chegar ao seu último suspiro. E esse momento chegará, mais cedo ou mais tarde.

Assim, as bombas são substituídas por algemas econômicas – bloqueando à Síria a utilização do sistema de transferência monetária internacional, do acesso ao crédito internacional, da importação de bens vitais, remédios e equipamentos médicos, alimentos, equipamentos industriais e peças de reposição – tudo o que uma sociedade precisa para funcionar, para reconstruir sua infraestrutura destruída pelo Ocidente, todos esses bens e serviços vitais estão a ser embargados pelo Ocidente – enquanto a Síria nunca fez qualquer mal a um país ocidental – muito pelo contrário. A Síria é o alicerce da história ocidental, fornecendo ao Ocidente intelectos brilhantes, cientistas, professores universitários e oferecendo uma rica cultura – o berço da civilização ocidental.

A Síria está estrategicamente situada - com acesso a cinco mares. A “Five Seas Vision” do presidente Assad, conectando a estrategicamente situada Síria com o Mediterrâneo, Cáspio, Mar Negro, Mar Vermelho e Golfo Pérsico, "tornando a Síria a inevitável interseção do mundo em investimentos, transportes e ainda mais" – essa visão, juntamente com o facto de o presidente Assad estar a gerir a Síria com uma filosofia socialista e ser tão popular como sempre (70% – 80% de uma população síria altamente instruída apoia o seu presidente), torna a Síria um alvo perfeito para uma “mudança de regime”. Mais uma vez, a continuação de uma guerra sem bombas, mas ainda assim matando através de um sistema económico ocidental utilizado como arma.

O facto mais exasperante é – mais uma vez – que os aliados ocidentais, predominantemente a Europa, isto é, os seus líderes corruptos (sic), participam nessa atrocidade na Síria, assim como na Venezuela e em muitas outras nações rebeldes e não submissas. Isto em grande parte contra a vontade do povo. Embora doutrinadas todos os dias por notícias falsas as pessoas começam a ver a luz.

Francamente, que mais se esperaria da Europa? Os europeus vêm há centenas de anos a explorar, a violar, a abusar da Ásia, África e América Latina, matando centenas de milhões de pessoas, enquanto roubam os seus recursos, que agora podem ser transformados em “cultura” europeia, monumentos religiosos, castelos de reis e rainhas e seus ditadores, que ainda andam nesta terra como parasitas tal como nos tempos antigos.

Quando os impérios europeus entraram sucessivamente em colapso, eles simplesmente reagruparam-se e transplantaram o seu reinado do Velho Continente através do Atlântico para construir um novo reino Anglo-Sionista, mas não antes, novamente, de massacrarem os habitantes originais daquela outrora grande terra chamada América. Naquela época, os nobres antepassados deste recém-nascido império sentiam-se seguros entre dois lustrosos mares. Mas, hélas, os tempos mudaram. Tentando imitar a grandeza do Império Romano, chamando em algum momento o seu plano de Domínio de Âmbito Total, “Pax Americana”, a associação com a “Pax Romana” tornou-se evidente. Pax Romana foram os trezentos a quatrocentos anos mais sangrentos do Império Romano, colapsando eventualmente sob o seu próprio peso.

O grande perigo para o criminoso sistema piramidal monetário orientado para a dívida dirigido pelos Estados Unidos é a China, porque a economia da China é baseada em produção económica pesada, construção, manufactura, desenvolvimento intelectual e científico, em comparação com o sistema neoliberal ocidental dirigido pelos EUA segundo o dogma da maximização dos lucros com serviços inflacionados, que terceiriza a produção pesada para países de baixos salários, deixa de lado os ganhos económicos de longo prazo e a memória institucional, para um PIB de ar quente, empregos do tipo McDonalds, consumo de importações baratas e inúteis; e, claro, uma destrutiva indústria de guerra e de morte.

É por isso que Washington está apressadamente a tentar elevar a outro nível a sua campanha de mentira e engano. Sequestrar a sra. Wanzhou da Huawei, pressionar a Europa a que proíba equipamentos da Huawei nos seus mercados «porque contêm spyware», é apenas um exemplo de uma implacável abordagem ilícita para eliminar a concorrência. Por outro lado, o decadente império de Washington ousa difamar a Iniciativa do Cinturão e Estrada do Presidente Xi Jinping e, num último esforço desesperado, chantagear a Europa, bem como os contendores africanos da BRI, com mais sanções ilegais – a não se inscreverem na Nova Rota da Seda da China. Não importa que a maioria deles já o tenha feito. A Itália disse claramente que em breve assinará um acordo com a China para usar os portos italianos para as rotas marítimas da BRI. Quanto a proibir a Huawei na Europa a Alemanha, por exemplo, já disse que não a vai proibir. Esperamos que os outros sigam o exemplo da Alemanha.

A Belt and Road Initiative é um imparável comboio que saiu da estação há cerca de cinco anos e está numa rota projectada para os próximos 30 anos, iniciando em todo o mundo um desenvolvimento socioeconómico pacífico. Tal como disse o representante chinês na recente Conferência Cubana para o Equilíbrio do Mundo: “Estamos a construir pontes para conectar pessoas de todos os continentes, enquanto oocidente está a construir muros.”

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Peter Koenig é economista e foi funcionário do Banco Mundial. Trabalhou em todo o mundo, no campo do meio ambiente e recursos hídricos. Escreve regularmente para Global Research, ICH, Voice of Russia, Ria Novosti e outras páginas internet. É autor de Implosion – An Economic Thriller about War, Environmental Destruction and Corporate Greed – romance-reportagem baseado em 30 anos de experiências do Banco Mundial em todo o mundo.

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