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Plutocracia.com
Por trás do black terror de Hong Kong
“Se queimamos, vocês queimam conosco.” “Autodestruição todos juntos” (Lam chao [1])
por Pepe Escobar | Asia Times
TLAXCALA - 14 de outubro, 2019
http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=27212
Um manifestante radical lança um cocktail molotov a um prédio do governo em Hong Kong em 15 de setembro de 2019. Foto: The Yomiuri Shimbun
Os novos slogans dos black blocs de Hong Kong – gangue em fúria conectada aos camisa-negras que protestam – surgiram pela primeira vez numa tarde chuvosa de domingo, rabiscados em paredes em Kowloon.
É essencial decodificar esses slogans, para compreender a violência irracional mesmo antes de entrar em vigor, à meia-noite da 6ª-feira, 4 de outubro, a lei antimáscaras aprovada pelo governo da Região Administrativa Especial [ing. Special Administrative Region (SAR)] de Hong Kong.
Mas a lei antimáscaras é medida típica já autorizada em 1922 nas Emergency Regulations Ordnance britânicas coloniais, que garantiu ao governo da cidade “impor quaisquer regulações, de qualquer natureza, que [a autoridade] considere desejável com vistas a defender o interesse público”, em caso de “emergência ou perigo público”.
É possível que Sua Excelência Nancy Pelosi, Presidenta da Câmara de Deputados dos EUA, nada soubesse dessa rica linhagem, quando comentou que a lei “apenas intensifica a preocupação a favor da liberdade de expressão.” E é provavelmente correto assumir que nem Pelosi nem outros virulentos militantes contra aquela lei saibam que lei antimáscara muito semelhante àquela foi implantada no Canadá dia 19/6/2013.
Jimmy Lai reuniu-se com o Vice-Presidente dos EUA Mike Pence na Casa Branca dia 8 de Julho de 2019
Provavelmente bem mais bem informado sobre essa história é o magnata de roupas e de mídia em Hong Kong Jimmy Lai, bilionário editor do jornal Apple Daily “pró-democracia”, crítico-em-chefe contra o Partido Comunista Chinês, de alta visibilidade midiática, e interlocutor na Washington DC oficial, de notáveis como o vice-presidente dos EUA Mike Pence, do secretário de Estado Mike Pompeo e do ex-presidente do Conselho de Segurança Nacional John Bolton.
Dia 6 de setembro, antes do início do vandalismo e da violência ensandecidos que definiram os “protestos pró-democracia” ao longo de várias semanas passadas, Lai falou com Stephen Engle da TV Bloomberg [referência acrescentada pelos tradutores], diretamente de sua casa em Kowloon.
Nessa fala, Lai declarou-se convencido de que – se os protestos se tornassem violentos, a China não teria outra escolha que não fosse enviar a Hong Kong unidades da Polícia Armada do Povo de Shenzen, para porem fim aos tumultos.
“Assim” – disse Lai à TV Bloomberg –, “haverá uma repetição do massacre da Praça Tiananmen, e isso porá todo o mundo contra a China… Será o fim de Hong Kong (...) e também será o fim da China”.
Ainda assim, antes de a violência eclodir, centenas de milhares de moradores de Hong Kong haviam-se reunido em protestos pacíficos em junho, ilustrando a profundidade do sentimento que há em Hong Kong. Ali estavam os Hongkongers da classe trabalhadora que Lai apoia nas páginas de Apple Daily.
Mas a situação mudou dramaticamente depois das manifestações não violentas do início do verão. Os black blocs veem a intervenção da China como a única via para alcançar seu objetivo.
Para os black blocs, o fogo é exclusivamente contra eles – não contra Hong Kong, a cidade e a população trabalhadora. Todos estão submetidos ao desejo daquela minoria marginal, de no máximo 12 mil pessoas, segundo a Polícia de Hong Kong praticamente sem meios e com carência de efetivo.
Rigidez de cognição é eufemismo, se a expressão for aplicada ao comando da gangue, que é essencialmente um culto religioso. É perda de tempo tentar com eles qualquer contacto que se assemelhe a rudimentos de discussão civilizada. O governo de Hong Kong, supremamente incompetente e paralisado, acertou pelo menos ao defini-los como “agitadores” que jogaram “no caos e no medo” uma das cidades até aqui mais ricas e mais seguras do planeta e cometeram “atrocidades” que “estão muito abaixo do mínimo que se exige em qualquer sociedade civilizada.”
“Revolução em Hong Kong”, slogan antes preferencial, considerado superficialmente causa de millennial utópicos, foi afogado pelos atos de vandalização de estações do metrô, quer dizer, bens públicos; por coquetéis molotov contra policiais; e pelo espancamento de cidadãos que não sigam o ‘roteiro’ daquela minoria. Acompanhar a correria dessas gangs alucinadas, ao vivo no centro e em Kowloon, e também em RTHK, que transmite ao vivo os ataques, é experiência perturbadora.
Já alinhavei em outro artigo o perfil básico de milhares de jovens que se manifestam nas ruas, apoiados por uma massa silenciosa de professores, advogados, juízes de peruca, funcionários públicos e outros profissionais liberais que louvam qualquer ato ultrajante – desde que seja declarado ato contra o governo.
Mas a questão chave tem de considerar os black blocs, o conhecimento que mostram ter de táticas de saque e destruição, e quem os está financiando. Em Hong Kong pouca gente está disposta a discutir abertamente essas questões. E como observei em conversas com membros bem informados do Hong Kong Football Club, negociantes, colecionadores de arte e grupos de mídias sociais, muito pouca gente em Hong Kong – ou por toda a Ásia, aliás – sequer sabe o que sejam os black blocs.
A matriz black bloc
Black blocs não são exatamente um movimento global; são uma tática adotada por um grupo de manifestantes – ainda que intelectuais saídos de diferentes tendências do anarquismo, principalmente na Espanha, Itália, França e Alemanha, desde meados do século 19 possam também elevá-los, do nível de tática, ao nível de estratégia que seria parte de movimento maior.
A tática é muito simples. Você se veste de preto, com roupas acolchoadas, máscaras de esqui, ou balaclavas, óculos de lentes escuras e capacetes de motociclista. Ao mesmo tempo em que você se protege dos sprays de pimenta e dos cacetetes da polícia, você também esconde a própria identidade e dilui-se na multidão. Você age como bloco, em geral de poucas dezenas de pessoas, às vezes poucas centenas. Você se move com rapidez, encontra e destrói, depois dispersa, reagrupa-se e ataca outra vez.
Desde o início, ao longo dos anos 1980s, especialmente na Alemanha, essa foi uma espécie de tática de guerrilha urbana com pitadas de anarquismo empregada contra os excessos da globalização e também contra a ascensão do criptofascismo.
Mas a explosão dos black blocs na mídia global só aconteceu cerca de uma década depois, na notória Batalha de Seattle em 1999, durante a conferência de ministros dos países da Organização Mundial do Comércio, quando a cidade foi ocupada. A reunião da OMC colapsou e implantou-se um estado de emergência de fato que durou quase uma semana. Crucialmente, não houve mortes, apesar de os black blocs se tornarem conhecidos como parte de uma levante de massas organizado por anarquistas radicais.
A diferença em Hong Kong é que os black blocs foram instrumentalizados por uma agenda clara de procurar-e-destruir. Está aberta a discussão sobre se as táticas de black bloc, empregadas sem qualquer critério, não serviriam exclusivamente para legitimar ainda mais o estado policial. Claro é que destruir uma estação de metrô usada por trabalhadores comuns é absolutamente irreconciliável com promover melhor governo local, mais responsável.
Meu interlocutor aparece impecavelmente bem vestido para um sábado ensolarado, numa Victoria City deserta, na Torre CITIC, com vista espetacular do porto. É da aristocracia de Shanghai, sua família migrou para Hong Kong em 1949, e é insider, excepcionalmente bem informado sobre todos os aspectos do triângulo Hong Kong-China-EUA. Graças à intermediação de conexões que ambos cultivamos na diáspora chinesa que vêm do tempo da ‘devolução’ de Hong Kong, ele concordou em conversar comigo sobre o contexto. Aqui, para todos os efeitos, Mr. E.
Um dia depois da 6ª-feira negra, Mr. E ainda está horrorizado: “Não agridem só as pessoas que ganham a vida no comércio, nas empresas, nos shopping malls. Estão destruindo estações de metrô. Estão destruindo nossas ruas. Estão destruindo a reputação, que tanto nos custou construir, de centro de negócios internacional seguro. Estão destruindo nossa economia.”
Não sabe explicar por que não se via um único policial nas ruas, durante horas, enquanto o vandalismo prosseguia.
Indo direto ao ponto, Mr. atribui todo o drama a um ódio patológico contra a China, que se constata numa “significativa maioria” da população de Hong Kong. Significativamente, um dia depois de nossa conversa, um pequeno contingente black bloc cercou instalações do Exército Chinês no Leste, em Kowloon Tong, no início da noite. Soldados chineses camuflados, no alto do prédio, filmaram a ação.
De modo algum os black blocs usariam as máscaras de gás, os pedaços de pau e canos de ferro e os coquetéis molotovs para lutar contra o Exército Chinês. Ali a dança é outra, comparada à ação de destruir estações de Metrô. E manuais de “revoluções” coloridas não ensinam a enfrentar exércitos.
Mr. E observa que absolutamente nada há de “grupo sem liderença” nos black blocs em Hong Kong. A gangue é rigorosamente arregimentada e regida. Um dos slogans dos camisas-negras – “Ocupar, desorganizar, dispersar, repetir” – já se converteu em “Enxamear, destruir, dispersar, repetir”.
Mr. E pergunta-me sobre os black blocs na França. A mídia ocidental hegemônica, ignorou durante meses os protestos sólidos e pacíficos dos Coletes Amarelos em toda a França, contra a corrupção, a desigualdade e os esforços do governo neoliberal de Macron para empurrar a França na direção de se converter numa start-up que beneficiaria o 1%.
Houve muitas acusações de que a inteligência francesa manipulava black blocs e infiltrara agentes disfarçados e casseurs (lit. “quebradores”; pessoas que vandalizavam propriedades, especificamente durante os protestos) para desacreditar e demonizar os Coletes Amarelos. Como vi pessoalmente em Paris, em primeira mão, as temidas Companhias Republicanas de Segurança [fr. CRS, grupamentos de choque da Polícia Nacional Francesa] agiram com máxima violência nas operações militarizadas, concebidas na RAND Corporation, para ação em cenário urbano – táticas para repressão de tumultos – sem excluir sequer o espancamento de idosos.
Ao mesmo tempo, as gangues em Hong Kong são justificadas como protestos contra a China “totalitária”.
A maior parte da conversa com Mr. E gira em torno de possíveis fontes de financiamento para os protestos inicialmente não violentos e, especialmente, para a ação e controle pelos black blocs que hoje se veem em ação.
Motivação e oportunidade ajudam a construir a lista, que não é terrivelmente longa – mas é longa o bastante para incluir nomes de pessoas e de organizações diametralmente opostas entre elas e, portanto, com baixa probabilidade de estarem operando em conjunto.
Entre os governos, pode-se começar pela ainda (embora não, provavelmente, por muito tempo) superpotência número 1. Funcionários do governo Trump, presos numa guerra comercial com Pequim, não encontrariam dificuldades em imaginar vantagens a auferir do enfraquecimento do controle pela República Popular sobre Hong Kong, e talvez pudessem ver vantagens em desestabilizar completamente a China, a começar por fomentar uma revolução violenta na ex-colônia britânica.
O Reino Unido, diante de uma era pós-Brexit solitária, poderia considerar possíveis vantagens em se aproximar de sua ex-colônia preferida, ainda uma ilha de britanidade num mundo cada vez menos britânico.
Taiwan, claro, teria interesse em provocar um teste crucial de como “Um País, Dois Sistemas” – a fórmula que o Partido Comunista da China e o Reino Unido usaram com Hong Kong em 1997, e que Pequim ofereceu também a Taiwan – poderia funcionar sob estresse. E depois que o estresse do protesto pacífico mostrou fundamentos frágeis, a tentação pode ter surgido de ir mais fundo e criar tal horror na Hong Kong governada pelos chineses, que nenhuma Taiwan jamais se atreva a cair novamente na propaganda pró fusão.
A República Popular parece ser improvável protagonista da fase inicial, não violenta, mas há muitos em Hong Kong que creem que, agora, a China estaria estimulando as provocações, para justificar ataque mais violento. E não se pode descartar completamente a possibilidade de que alguma facção do Partido Comunista da China – que se oponha à recente quebra da tradição, mediante a qual Xi Jinping prorrogou seu tempo na presidência – esteja tentando desacreditar o presidente.
OK, quanto a governos. Temos agora de considerar alguns agentes-em-campo, chineses com negabilidade plausível que se podem misturar na multidão como pessoal que recebe e desembolsa o dinheiro necessário, e tem conhecimento de assuntos organizacionais e de treinamento.
Aqui, as possibilidades são muitas, excessivas para que se as possa listar, mas um nome popular seria be Guo Wengui, também conhecido como Miles Kwok. O bilionário caiu em desgraça com o Partido Comunista da China e em 2014, fugiu para os EUA para seguir carreira de operador político de longa distância.
Ainda mais popular seria o nome de Jimmy Lai, mencionado acima. Confirmando outro de meus encontros chaves, quando Mr. E aponta nomes dos suspeitos de sempre, no financiamento, o nome de Jimmy Lai inevitavelmente aparece. De fato, uma combinação de EUA-Taiwan-Jimmy Lai pode bem ser o número 1 na parada de sucessos, no que tenha a ver com sabedoria comum circulante.
Mas quando tentei essa combinação para ver se servia, houve problemas. De importante, que Jimmy Lai não fez esforço algum para esconder a ajuda que dá a grupos pró-democracia, mas em todas as ocasições em que falou disso publicamente sempre, invariavelmente, estimulou agendas de não violência.
Como Alex Lo, colunista do jornal South China Morning Post, escreveu não faz muito tempo, “O que haveria de errado em fazer grandes doações de dinheiro a partidos políticos e grupos antigoverno? Nada! Por isso mesmo, muito me intriga o brouhaha que se vê na mídia, contra supostas doações que teriam sido feitas de mais de HK$40 milhões, ao longo de mais de dois anos, a seus companheiros no campo pandemocrático.”
Mas não se deve desistir assim tão facilmente. Acho que há coisas que permanecem mais completamente escondidas quanto mais aparecem sem esforço, assim, à luz do dia.
Sim, a voz pública de Lai é Mark Simon, que trabalhou por quatro anos como analista de inteligência naval dos EUA.
Sim, Lai é bom amigo do guru neoconservador Paul Wolfowitz desde que esse último tornou-se presidente do Conselho Comercial EUA-Taiwan em 2008, segundo um assessor de Lai.
Wolfowitz serviu como vice-secretário da Defesa de 2001 a 2005 sob Donald Rumsfeld, pode-se dizer que por acidente: esperava-se que fosse nomeado diretor da CIA de George W Bush. Infelizmente não deu certo, porque a esposa de Wolfowitz soube de um caso que Paul, membro da diretoria da Dotação Nacional para a Democracia [ing. National Endowment for Democracy, NED], teve com uma colega, casada naquele momento... e por aí vai.
E, sim, segundo documentos publicados por Wikileaks, em 2013 Lai pagou US$75 mil a Wolfowitz para que o apresentasse a figurões do governo de Myanmar.
Documento que sugere uma transação entre Lai e Wolfowitz. Foto: Wikileaks via SCMP
Mas o que, afinal, isso provaria? Todos são inocentes até que se prove que não são. Colusão com o que se pode considerar o agente mais importante da política e da inteligência dos EUA durante as últimas duas décadas, sim, parece que sim – mas é possível estabelecer que houve envolvimento ativo de Pauls ou dos Jimmys desse mundo com provocações de black blocs para forçar a intervenção sangrenta, pelos chineses, que Lai prevê? Até que se provem culpados, são inocentes.
Será preciso trabalhar um pouco mais. De volta à velha prancha de desenho, com Asia Times.
Haverá revide
“Em Hong Kong somos menos, em números. Mas sabemos que o mundo jamais conhecerá paz genuína, até que o povo da China seja libertado.”
– Wall Street Journal, coluna de Jimmy Lai, 30 de setembro
Apesar dos mais frenéticos esforços pelos suspeitos de sempre para escondê-las, as imagens dos ataques de gangues de black blocs e de saques em toda Hong Kong circulam agora impressas por todo o Sul Global, para nem falar do inconsciente de centenas de milhões de netizens chineses.
Até os apoiadores financeiros invisíveis dos black blocs devem ter-se surpreendido ante os efeitos contraproducentes dos ataques, a ponto de, de fato, terem ‘declarado vitória’ e ordenado a retirada. Seja como for, Jimmy Lai continua a culpar a polícia de Hong Kong por “violência excessiva e brutal” e a demonizar a “besta ditatorial, de sangue frio e violenta.”
Mas mesmo assim nada garante que as gangues de black terror retrocedam – especialmente com os bombeiros de Hong Kong alarmados agora pela onda de instruções online para produzir coquetéis molotovs com o letal fósforo branco. Mais uma vez – não esqueçam os “combatentes da liberdade” da al-Qaeda – a história nos ensinará: cuidado com os terroristas à Frankenstein que vocês criem.
NTs
[1] Alguns grupos radicais creem que o único meio para destruir o governo central e o Partido Comunista exige que, antes, se destrua a cidade. Há até uma expressão para isso, lam chao, que, em termos gerais, significa “autodestruição juntos”, como meio para ‘libertar’ Hong Kong (Alex Lo, 28/8/2019, South China Morning Post)
Traduzido por Coletivo de tradutores Vila Mandinga
Pepe Escobar nasceu em 1954 no Brasil, e desde 1985 trabalha como correspondente estrangeiro. Trabalhou em Londres, Milão, Los Angeles, Paris, Cingapura e Bangkok. A partir do final dos anos 1990s, passou a cobrir questões geopolíticas do Oriente Médio à Ásia Central, escrevendo do Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irã, repúblicas da Ásia Central, EUA e China. Atualmente, trabalha para o jornal Asia Times que tem sedes em Hong Kong/Tailândia, como “The Roving Eye”; é analista-comentarista do canal de televisão The Real News, em Washington DC, e colaborador das redes Russia Today e Al Jazeera. É autor de três livros: Globalistan. How the Globalized World is Dissolving into Liquid War, Red Zone Blues: a snapshot of Baghdad during the surge e Obama does Globalistan..
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