O que acontecer a seguir será culpa de Trump

Os militares americanos bombardearam várias instalações nucleares iranianas por ordem do Presidente Trump, colocando imediatamente dezenas de milhares de militares americanos na região em risco de uma retaliação iraniana que pode então escalar para uma guerra em grande escala.

No princípio deste mês, o ministro da Defesa do Irão, Aziz Nasirzadeh, advertiu explicitamente os Estados Unidos de que um ataque direto dos EUA resultaria em Teerão ordenar ataques a bases americanas no Médio Oriente, dizendo que “todas as bases americanas estão ao nosso alcance e vamos atacá-las corajosamente nos países anfitriões”.

Na véspera do ato de guerra de Trump contra o Irão, o presidente disse à imprensa que um ataque às tropas americanas significará uma resposta dura dos EUA, dizendo:   "Vamos ser muito duros se eles fizerem alguma coisa ao nosso povo. Vamos ser muito duros. Não vamos tocar nas luvas. Acho que eles sabem que não devem tocar nas nossas tropas".

Trump reiterou esta ameaça ao Irão no seu anúncio do ataque dos EUA hoje.

“Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irão, muito maior do que a que testemunhámos nos últimos oito dias”, disse Trump. "Lembrem-se, ainda há muitos alvos. O desta noite foi o mais difícil de todos, de longe, e talvez o mais letal. Mas se a paz não chegar rapidamente, iremos atrás desses outros alvos com precisão, rapidez e habilidade. A maioria deles pode ser eliminada numa questão de minutos".

Assim, podemos ver como podemos já estar a caminho de uma guerra de proporções assustadoras em resultado do ato de agressão não provocado do Presidente. Teerão tem agora de escolher entre restabelecer a dissuasão com uma agressão extrema ou abrir as comportas a toda uma série de ameaças existenciais, tanto do exterior como do interior do país.

Se acrescentarmos a isso a possibilidade de o Irão bloquear o Estreito de Ormuz e o facto de o Irão ter sido agora fortemente incentivado a obter uma arma nuclear, parece muito provável que estejamos a mergulhar numa situação que pode ter vários desdobramentos horríveis.

Neste momento, o discurso político americano está repleto da narrativa de que os EUA foram “arrastados” para a guerra de Israel, o que eu rejeito totalmente. A cada passo, tudo isto foi assinado pela liderança dos EUA. Chegámos a este ponto porque Trump e o seu regime escolheram conscientemente levar-nos até aqui.

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As tropas americanas que estão ao alcance dos mísseis iranianos estão alegadamente a ser informadas de que podem esperar ser alvo de ataques de retaliação nos próximos dias.

Mais uma vez, o Irão avisou explicitamente que atacaria as forças armadas dos EUA se estas fizessem o que acabaram de fazer. Se e quando esses ataques de retaliação ocorrerem, os belicistas tentarão argumentar que essa é uma razão válida para a escalada da guerra. Estarão a mentir. Eles escolheram fazer com que isto acontecesse.

O que quer que aconteça a partir deste momento é culpa de Donald Trump e dos bandidos não eleitos a quem ele dá ouvidos. Se as tropas americanas forem mortas, os belicistas de Washington e os propagandistas do Pentágono na imprensa farão uma lista dos seus nomes e farão alarde das suas fotografias e exigirão que as suas mortes sejam vingadas com mais actos de guerra – mas não será por culpa do Irão que elas morreram.

A culpa será do Trump. Será culpa de todos aqueles cujas decisões levaram ao lançamento de bombas sobre as infraestruturas energéticas iranianas, e culpa de todos aqueles que colocaram esses soldados em perigo.

Nada disto precisava de acontecer. O Irão estava à mesa das negociações. O acordo com o Irão estava a funcionar bem antes de Trump o destruir para nos colocar nesta terrível trajetória. Os belicistas fabricaram artificialmente esta situação e infligiram conscientemente este horror ao nosso mundo.

Não estou nada ansiosa por ver todo o melodrama de vítima em modo LARP se e quando o Irão matar o pessoal militar dos EUA estacionado na Ásia Ocidental. Os Estados Unidos são a única nação na Terra que pode rivalizar com Israel na sua capacidade de se fazer de vítima quando a bola que atiraram à parede volta a bater.

Caitlin Johnstone é jornalista independente de Melbourne (Austrália). É a autora do livro de poesia ilustrado “Woke: A Field Guide For Utopia Preppers.” O seu trabalho é inteiramente apoiado por leitores. O seu sítio é aqui.

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