Os Estados Unidos são e continuam a ser, a única nação indispensável. [Todas as outras nações são, por consequência, ‘dispensáveis’; Temos portanto “Amerika, Amerika über alles, über alles in der Welt”.] Isto foi verdade para século que passou e será verdade para o século vindouro. … A América deverá liderar sempre o cenário mundial. Se não o fizer, ninguém mais o fará. … A agressão da Rússia aos antigos estados Soviéticos inquieta as capitais da Europa, enquanto a ascensão económica e o alcance militar da China preocupam os seus vizinhos. Do Brasil à Índia, as classes médias em ascensão competem connosco. [Obama estava aqui dizendo aos futuros líderes militares dos EUA que deveriam lutar pela aristocracia americana, para que a ajudem a derrotar qualquer nação que lhes resista.] … Na Ucrânia, as acções recentes da Rússia fazem lembrar os dias em que os tanques soviéticos invadiram a Europa de Leste. Mas esta, não é a Guerra Fria. A nossa capacidade de moldar a opinião mundial ajudou a isolar a Rússia imediatamente. [Ele estava orgulhoso da eficácia da propaganda do governo dos EUA, tal como Hitler esteve orgulhoso da eficácia da propaganda do governo alemão sob o mando de Joseph Goebbels.] Devido à liderança americana, o mundo condenou com prontidão as acções russas; A Europa e o G7 juntaram-se a nós para impor sanções; A OTAN reforçou o nosso compromisso com os aliados da Europa de Leste; o FMI está a ajudar a estabilizar a economia da Ucrânia; Os observadores da OSCE levaram o mundo a olhar para as partes instáveis da Ucrânia.
Na verdade, o seu regime – de Obama – conquistou a Ucrânia em Fevereiro de 2014 através de um golpe sangrento e instalou um Governo racista-fascista anti-russo às portas de Moscovo. Um regime fantoche, que perdura até hoje. Um regime que instituiu uma campanha de limpeza racial com o intuito de eliminar suficiente número de eleitores pró-Rússia de modo a poder manter-se no poder. Este Governo destruiu a Ucrânia e alienou as regiões do país que votaram em mais de 75% no presidente ucraniano democraticamente eleito. Presidente que Obama derrubou, para que as regiões pró-Rússia abandonassem a Ucrânia. O que resta da Ucrânia após a conquista dos EUA é um caos nazi e uma nação destruída com dívidas acumuladas perante os contribuintes e bancos ocidentais.
Além do mais, Obama insistiu na (para usar o termo de Bush sobre Saddam Hussein) “mudança de regime” na Síria. Por duas vezes no mesmo dia, o Secretário Geral da ONU afirmou que somente o povo sírio poderia levar a cabo uma “mudança de regime”. Nenhuma nação exterior o poderá fazer. Obama ignorou-o e seguiu tentando. Na verdade, Obama protegeu a afiliada síria da Al-Qaeda contra o bombardeio do governo sírio e seu aliado, a Rússia. Enquanto isso, os EUA bombardearam o exército da Síria, o qual tentava impedir que os jihadistas derrubassem o governo. Obama bombardeou a Líbia para “mudar o regime” de Muammar al-Gaddafi, e bombardeou a Síria para “mudar o regime” de Bashar al-Assad; e, enquanto os “EUA Despejam Bombas; UE recebe refugiados & culpa. Isto é de loucos”. O sucessor de Obama, Trump, continua com as políticas do anterior governo neste aspecto. E claro, os EUA e o seu aliado, o Reino Unido, invadiram o Iraque em 2003, igualmente com recurso a mentiras tão efectivas que tornaram o Iraque no país agressor. (Até mesmo a Alemanha chamou a Polónia de agressora quando invadiu a país em 1939.)
Nenhuma outra nação invade regularmente outras nações que nunca a invadiram. A isto chama-se agressão internacional. É o crime internacional de “Guerra de Agressão”; e as únicas nações que o fazem hoje em dia são os Estados Unidos e seus aliados, como os Saud, Israel, França e Reino Unido, que muitas vezes unem-se às agressões americanas (ou, no caso da invasão saudita do Iémen, o aliado inicia a invasão, à qual se junta os EUA a posteriori). Aos generais da América é lhes ensinado este tipo de agressão, e não apenas por Obama. Desde pelo menos George W. Bush, esta tem sido uma sólida política dos EUA. (Bush até expulsou os inspectores de armas da ONU, para poder bombardear o Iraque em 2003.)
Por outras palavras: um mundo unipolar, é um mundo em que uma nação encontra-se acima do direito internacional, e a participação desta nação numa invasão, imuniza também cada um dos seus aliados. Protege-os igualmente de acção penal. Deste modo, um mundo unipolar é aquele em que as Nações Unidas não podem sequer impor a lei internacional de maneira imparcial, mas podem-no fazer contra nações que não são aliadas do poder unipolar, que neste caso são os Estados Unidos. Além disso, como o regime norte-americano é rei supremo de todo o mundo, nações como a Rússia, China, Síria, Irão, Coreia do Norte, Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador, que o regime dos Estados Unidos (cientificamente provado como sendo uma ditadura) escolhe qualificar como inimigo, é especialmente desfavorecido internacionalmente. A Rússia e a China, no entanto, estão entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e possuem um grau de protecção internacional que os outros inimigos que foram sinalizados pelos Estados Unidos não possuem. E quem elege as nações a identificar como “inimigos”, são os super-ricos da América e não toda a população do país, porque o governo dos EUA é controlado pelos super-ricos e não pelo público.
Sendo assim, é este o mundo unipolar existente: um mundo controlado por uma nação. Nação esta, que é por sua vez, controlada pela sua aristocracia, os seus super-ricos.
Se um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança apresentasse uma proposta na ONU para eliminar a imunidade (de investigação e acção penal) que o regime dos EUA possui, em qualquer futura Guerra de Agressão que possa perpetrar, então, é claro, os EUA ou qualquer um dos seus aliados no Conselho de Segurança vetaria tal proposta. Mas se a nação proponente chamasse frequentemente a atenção do público internacional para o facto de que os EUA e seus aliados haviam bloqueado a aprovação de um “procedimento necessário para emendar a carta da ONU”, o que pressupõe que os EUA e seus aliados são regimes fascistas, (tal como foi entendido e aplicado contra o regime fascista da Alemanha, no Tribunal de Nuremberga em 1945) então possivelmente alguns membros da quadrilha liderada pelos EUA (a porção da OTAN pelo menos ) deixaria essa mesma quadrilha, e a ditadura global dos EUA poderia acabar, para que então, o mundo se tornasse multipolar, no qual a democracia pudesse prosperar verdadeiramente.
Num mundo unipolar, a democracia só pode definhar porque todas as outras nações são simplesmente nações vassalo que aceitam o ditem frequentemente repetido por Obama, de que todas as outras nações são “dispensáveis” e apenas os EUA não o é. Até mesmo o Reino Unido, ganharia em liberdade, e em democracia, se rompesse laços com os EUA, porque não estaria mais sob a alçada americana – a alçada do país agressor global.
Apenas uma sondagem global de opinião foi realizada sobre a questão: “Qual país que constitui a maior ameaça à paz no mundo nos dias de hoje?”. Descobriu-se que a esmagadora maioria dos inquiridos (num rácio de três para um acima do segundo país mais mencionado) identificou os Estados Unidos como sendo precisamente isso, a principal ameaça à paz mundial. Alguns anos depois, outra (embora menos abrangente) sondagem de opinião foi feita sobre uma questão semelhante e produziu resultados idênticos. Aparentemente, apesar da eficácia dos propagandistas da América, pessoas de outros lugares reconhecem muito bem que hoje, a América é uma versão mais longa e bem sucedida da Alemanha de Hitler. Embora a operação de propaganda da América moderna seja muito mais sofisticada do que a da Alemanha nazi, não é totalmente exitosa. As invasões da América são agora demasiado comuns, todas baseadas em mentiras, assim como foram as de Hitler.
No dia 9 de Novembro, uma manchete da Russian Television dizia: “Muito insultante: Trump critíca duramente a ideia de Macron de criar um exército europeu, como protecção contra a Rússia, China e EUA” e a mesma estação reportou que “O Presidente dos EUA, Donald Trump, criticou duramente o seu colega francês Emmanuel Macron, chamando à ideia do presidente francês em criar um ‘verdadeiro exército europeu’, independente de Washington, um insulto.” Por um lado, Trump critica constantemente a França e outras nações europeias por supostamente não pagarem o suficiente pela aliança militar estadunidense da OTAN, mas agora, denigre a França por propor a outros membros do Tratado, uma diminuição na dependência da organização, para em vez disso, aumentar a dependência na aliança militar europeia Permanent Structured Cooperation (PESCO), lançada em 11 de Dezembro de 2017 e que actualmente conta com “25 Estados-Membros da UE: Áustria, Bélgica Bulgária, República Checa, Croácia, Chipre, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Eslovénia, Eslováquia, Espanha e Suécia.” Estas são as nações europeias que estão agora no caminho para eventualmente abandonarem a OTAN.
Uma vez que a OTAN termine, o regime dos EUA achará muito mais difícil levar a cabo qualquer invasão como a do Iraque em 2003, Líbia 2011, Síria 2012, – Iémen 2016 -, e talvez até mesmo, como o golpe sangrento dos Estados Unidos que derrubou o governo democraticamente eleito da Ucrânia, instalando um regime racista-fascista ou nazi anti-russo, em 2014. Todas estas invasões (e golpes) americanos trouxeram para a Europa milhões de refugiados e aumentaram enormemente o fardo sobre os contribuintes europeus. Além disso, as sanções económicas dos Estados Unidos contra a Rússia e Irão, prejudicaram as empresas europeias (os EUA quase não fazem negócios com nenhum dos dois países, estando também imunes neste ponto). Consequentemente, a América de hoje é claramente o principal inimigo da Europa. A continuação da OTAN é verdadeiramente tóxica para os povos da Europa. O comunismo e a União Soviética e sua aliança militar do Pacto de Varsóvia, terminaram pacificamente em 1991. Contudo, o regime dos EUA continuou secretamente a Guerra Fria, agora contra a Rússia, e está a focar cada vez mais a sua propaganda de “mudança de regime” contra o popular democrático líder russo, Vladimir Putin, apesar de que essa agressão dos EUA contra a Rússia possa desencadear uma guerra nuclear aniquiladora do mundo.
Em 11 de Novembro, a RT exibiu “’Boas notícas para o mundo multipolar’: Putin positivo sobre plano de ‘exército europeu’ de Macron, criticado por Trump (VIDEO)” e abriu comentando:
O desejo da Europa de criar o seu próprio exército e deixar de depender de Washington para a defesa, não é apenas compreensível, como seria “positivo” para um mundo multipolar, disse Vladimir Putin dias depois das duras criticas proferidas por Donald Trump.
“A Europa é … uma poderosa união económica, e é natural que queiram ser independentes e … soberanos no campo da defesa e segurança”, disse Putin à RT em Paris, onde o líder mundial se reuniu para marcar o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial.
Putin descreveu também a potencial criação de um exército europeu como “um processo positivo”, acrescentando que “fortaleceria o mundo multipolar”. O líder russo chegou a manifestar o seu apoio ao presidente francês Emmanuel Macron, que recentemente defendeu essa ideia dizendo que a posição da Rússia sobre a questão, está em certa medida, “alinhada com o da França” .
Recentemente, Macron reviveu os ambiciosos planos de criar uma força militar combinada da UE, dizendo que é essencial para a segurança da Europa. Disse também, que a UE deve tornar-se independente do seu principal aliado do outro lado do Atlântico, o que provocou uma reacção encolerizada de Washington.
Assim que a OTAN minguar e inclua apenas as nações europeias pró-agressivas e descaradamente nazis, como a Ucrânia (depois de que a quadrilha dos EUA aceite a Ucrânia na OTAN, como certamente o fará), a UE terá um grau de liberdade e democracia que só hoje pode sonhar, então haverá um mundo multipolar, no qual os líderes americanos não mais desfrutarão do tipo de imunidade a investigações e possíveis processos pelas suas invasões como hoje acontece. O resultado disso será, no entanto, catastrófico para os 100 principais empreiteiros de defesa dos EUA, como a Lockheed Martin, General Dynamics e Raytheon, porque todas as vendas externas destas empresas, (excepto para os Saud, Israel e alguns outros regimes feudais e fascistas), irão diminuir consideravelmente. Donald Trump está a fazer tudo o que pode para manter os sauditas nos acordos que ele alcançou em 2017, para a compra US $ 404 biliões em armamento dos EUA, nos próximos dez anos. Se, além disso, essas empresas perderem algumas das vendas na Europa, então o boom económico até agora verificado durante a presidência de Trump, estará seriamente ameaçado. Deste modo, o regime dos EUA, que é administrado pelos proprietários dos seus “empreiteiros de defesa”, fará todo o possível para evitar que isso aconteça.
Traduzido por Plutocracia.com
Eric Zuesse é historiador investigativo e autor de They’re Not Even Close: The Democratic vs. Republican Economic Records, 1910-2010 e CHRIST’S VENTRILOQUISTS: The Event that Created Christianity.
Artigo original publicado no The Saker a 12 de novembro, 2018.