OPERAÇÃO CONDOR

A Operação Condor, também conhecida como Plano Condor, foi instituída na Primeira Reunião Interamericana de Inteligência Nacional, realizada no Chile em 26 de novembro de 1975, da qual participaram representantes da inteligência militar dos governos do Brasil, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai, da Bolívia e do Chile. Teve raízes na onda de golpes de Estado abertamente apoiados pela CIA e pela USAID (U.S. Agency for International Development) nos anos 1960 e 1970, e na generalização de medidas repressivas contra as amplas mobilizações armadas e civis que então combatiam a dominação norte-americana na América Latina e lutavam pela implantação do socialismo ou de regimes mais democráticos.

O assassinato de Orlando Letelier
Orlando Letelier del Solar (Temuco, 13 de abril de 1932 – Washington, D.C., 21 de setembro de 1976) foi um diplomata e político chileno, posteriormente um ativista político contra a ditadura de Augusto Pinochet.
Foi assassinado, juntamente com sua assistente, Ronni Muffet, em Washington, D.C. por agentes secretos da DINA (Dirección de Inteligencia Nacional), a polícia política do regime militar chileno. Para o atentado a Orlando Letelier foi usada uma enorme quantidade de explosivos. O caso teve grande repercussão internacional e induziu o governo dos Estados Unidos a interromper seu apoio explícito à Operação Condor, embora continuasse a apoiar indiretamente o governo de Augusto Pinochet.

Hoje na História: Assassinos de Orlando Letelier são condenados a prisão perpétua
https://operamundi.uol.com.br/noticia/3353/hoje-na-historia-assassinos-de-orlando-letelier-sao-condenados-a-prisao-perpetua,
O assassinato ocorreu em 21 de setembro de 1976, quando o carro do diplomata Orlando Letelier e seus amigos Michael e Ronni Moffitt explodiu numa rua de Washington.

Letelier tinha vivido em Washington, durante os anos 1960 e apoiou a campanha de Allende para a presidência. Allende acreditava que a experiência de Letelier e suas conexões com os banqueiros internacionais poderiam facilitar as relações entre Chile e EUA. Durante o governo de Allende, Letelier serviu sucessivamente como ministro das Relações Exteriores, em seguida ministro do Interior e finalmente ministro da Defesa. No entanto, após o golpe de Estado de Pinochet, respaldado pela CIA, em 1973, foi detido em distintos campos de concentração, sofrendo severas torturas: primeiro no regimento Tacna, em seguida na Academia Militar.

Memórias de Orlando Letelier, 38 anos após o seu assassinato  http://www.ihu.unisinos.br/noticias/535525-memorias-de-orlando-letelier-38-anos-apos-o-seu-assassinato - artigo de IHU
O CASO LETELIER QUARENTA ANOS DEPOIS, 1976-2016  PDF - Ensaio de interpretação

como os EUA ajudaram a matar rival de Pinochet
Em 2001, o ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, foi declarado suspeito e réu em um processo relativo à Operação Condor e relacionado com os assassinatos. Depois da visita a um investigador, Kissinger deixou imediatamente a França e se recusou a viajar para o Brasil.

Veja também:
OPERAÇÃO GLADIO


A descoberta do ARQUIVO DO TERROR no Wikipedia e outras fontes


Arquivo do Terror é o nome dos documentos secretos da ditadura do General Alfredo Stroessner (1912—2006), que governou o Paraguai por 35 anos. Graças a um convénio assinado no dia 3 de agosto do ano de 2007 entre a Suprema Corte do Paraguai e a organização Arquivo de Segurança Nacional, o Arquivo do Terror, descoberto em 1992 por Martin Almada, teve seus documentos digitalizados e disponíveis para consulta. Foi esta descoberta de duas toneladas de arquivos da ditadura Stroessner numa delegacia de Lambaré, subúrbio de Assunção (Paraguai), que permitiu reconstituir, em um primeiro momento, as atividades criminosas desta rede internacional. O deslocamento de documentos da CIA referentes ao Chile, no dia 13 de novembro 2000, confirmou e detalhou o conteúdo desses "arquivos do terror". Parte da documentação revela evidências da participação da Operação Condor entre as ditaduras militares do Cone Sul para eliminar opositores nos anos 1970 e 1980.

Martín Almada encontrou 'Arquivo do Terror' da ditadura de Stroessner no Paraguai; conheça história
O condor que segue espreitando ~ entrevista a Martín Almada
Arquivo do Terror revela detalhes da ditadura no Paraguai ~ artigo de Daniella Cambaúva

No Paraguai, a memória viva da “longa e escura noite de 35 anos” ~ PDF
https://www.adusp.org.br/files/revistas/50/r50a08.pdf

"Não vejo porque precisamos ficar parados e assistir um país tornar-se comunista por causa da irresponsabilidade do seu povo. As questões são muito importantes para deixarmos os eleitores chilenos decidirem por si mesmos." (Sobre o apoio dos EUA ao golpe que derrubou Salvador Allende, presidente democraticamente eleito do Chile, em 11 de setembro de 1973.) - Henry Kissinger


Condor (2007) - Documentário de Roberto Mader
Mader conta a história da Operação Condor através de depoimentos emocionantes e surpreendentes de generais e ativistas políticos, torturadores, vítimas e parentes dos desaparecidos. Documentário filmado em quatro países e traz um material de arquivo, acompanhado de belas composições de Victor Biglione. Vencedor dos prêmios de Melhor Documentário no Festival do Rio e Prêmio Especial do Júri em Gramado em 2007.
mais documentários -> aqui

Documentário - Operação Condor ~ Youtube

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AS SEQÜELAS DA OPERAÇÃO CONDOR LINK 
ARGENTINA – 30 MIL RAZÕES PARA CHORAR - Três anos depois de destruir a democracia no Chile, instigando o golpe militar de 1973 contra Salvador Allende, Henry Kissinger esteve em Santiago para uma reunião da Organização de Estados Americanos. Lá contactou o ministro do Exterior da junta militar argentina. De acordo com Robert Hill, então embaixador dos EUA na Argentina, “Kissinger perguntou quanto tempo levaria... para liquidar o problema (terrorista)... Kissinger deu aos argentinos o sinal verde... o secretário queria que a Argentina encerrasse seu plano terrorista antes do fim do ano”. Hill devia saber. Foi ele quem serviu de intermediário entre os organizadores dos esquadrões da morte guatemaltecos e as lideranças do governo argentino.
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HISTÓRICO DA OPERAÇÃO CONDOR - A determinação dos EUA em destruir a oposição ao seu domínio da América Latina tem raízes na sua derrota no Vietnã. A equipe de 1972 que ajudou Kissinger a negociar com os vietnamitas em Paris incluía o atual embaixador para as Nações Unidas, John Negroponte, e Vernon Walters, mais tarde conselheiro de Ronald Reagan, então adido militar na embaixada dos EUA em Paris. Naqueles dias, George Bush pai era embaixador nas Nações Unidas. ."


OS ANOS DO LOBO (Peña Lillo – Ediciones Continente, Buenos Aires, 1999): STELLA CALLONI
De acordo com Stella, “os EUA proporcionaram inspiração, financiamento e assistência técnica à repressão e podem haver plantado as sementes da Operação Condor. A CIA promoveu uma maior coordenação entre os serviços de Inteligência da região."
“os Estados Unidos fizeram mais do que organizar os encontros: a equipe de serviços técnicos da CIA subministrou equipamentos de tortura elétrica a brasileiros e argentinos e ofereceu assessoramento sobre o grau de choques que o corpo humano poderia resistir”

Os EUA e a Operação Condor: “o maldito jogo de xadrez da morte”
Livro Os anos do lobo, da premiada escritora e jornalista argentina Stella Calloni, revela “a conspiração assassina” contra a democracia na região

AS DITADURAS DA OPERAÇÃO CONDOR
Uma resenha histórica...

Argentina (1976-1983)
Em 24 de março de 1976, as Forças Armadas deram um golpe militar que derrubou o governo constitucional de Maria Estela Martínez de Perón. O governo ditatorial foi presidido por uma Junta Militar – formada por Jorge Rafael Videla (do Exército), Emilio Eduardo Massera (da Marinha) e Orlando Ramón Agosti (da Aeronáutica) – que nomeou Videla como presidente e criou o Estado terrorista. A Constituição foi suspensa, fechou-se o Congresso, proibiram-se os partidos políticos e os sindicatos, e instalaram-se a censura e a repressão.

O regime – que se autodenominou Processo de Reorganização Nacional – teve quatro presidentes: Videla (1976-1981), Roberto Viola (1981), Leopoldo Fortunato Galtieri (1981-1982) e Reynaldo Benito Bignone (1982-1983). Seu objetivo era desmontar os vestígios do Estado de bem-estar, a Argentina industrial e de massas do século XX, combater os movimentos populares – o radicalismo e o peronismo – e, sobretudo, aniquilar a esquerda marxista e peronista e o poderoso movimento sindical argentino. Foi a maior restauração conservadora do século XX.

A ditadura contou com o aval explícito do governo norte-americano de Gerald Ford e seu secretário de Estado, Henry Kissinger.­ O método usado foi o terror. Foram montados na Argentina 364 campos clandestinos de detenção sob controle militar, onde os opositores eram torturados, assassinados e desapareciam. O maior deles foi a Escola Mecânica da Armada (ESMA). Dados oficiais estimam em 14 mil os desaparecidos ou mortos, mas os organismos de direitos humanos calculam que foram cerca de 30 mil. Houve aproximadamente 10 mil presos políticos, cerca de 300 mil exilados, por volta de 300 adolescentes desaparecidos e cerca de 500 crianças sequestradas juntamente com seus pais, muitas delas roubadas pelos militares logo depois de nascerem nos centros clandestinos de detenção. Muitos dos desaparecidos eram intelectuais, religiosos, dirigentes sindicais, estudantes e professores universitários. A maioria foi de operários.

Entre os movimentos de resistência que se criaram durante a ditadura, o mais importante foi o de direitos humanos, cujo maior emblema foram as Mães da Praça de Maio. O sequestro e assassinato de dirigentes políticos estrangeiros revelou a coordenação entre os militares do Cone Sul, na chamada Operação Condor. http://latinoamericana.wiki.br/verbetes/a/argentina

Kissinger deu sinal verde a militares argentinos para repressão
Na reunião, Kissinger aconselhou o ministro da ditadura argentina: "Se há coisas que devem ser feitas, é melhor que sejam feitas rápido. Mas devem retornar rapidamente aos procedimentos normais".

A ditadura argentina e as mães da praça de maio


- Mães da Praça de Maio anunciam identificação de desaparecida ~ Youtube
Na Argentina, Mães da Praça de Maio anunciam identificação de Lila Epelbaum Stopolsky, desaparecida em 1976, aos 20 anos. Outros 2 irmãos continuam desaparecidos.

- Argentina: Autoridades divulgam documentos secretos da ditadura militar ~ Youtube
"A maioria dos documentos é sobre o que dizer à opinião pública. As discussões internas de como dirigir-se aos medias e de como falar das pessoas desaparecidas, utilizando eufemismos como "paradeiro desconhecido".

- Madres de Plaza de Mayo - Las locas de la Plaza - Legendado Português ~ Youtube
“Mães da Praça de Maio, a história” é um documentário realizado pelo Canal Encuentro (Argentina) e emitido em um ciclo de oito capítulos no qual retrata-se desde o nascimento o movimento das Mães em busca dos seus filhos desaparecidos pela ditadura na Argentina. Uma história incrível, apaixonante, que nos chove até as lágrimas. Parte II | Parte III

- Ditadura Militar na ARGENTINA: Mães da Praça de Maio completam 40 anos ~ Youtube
As Mães da Praça de Maio celebraram no domingo (30/04/2017) seus 40 anos de existência. O grupo de mulheres que busca os filhos desaparecidos é um símbolo de luta e resistência da última Ditadura Militar na ARGENTINA.

EUA sabiam das torturas e execuções da ditadura argentina ~ Entrevista da Rede Brasil Atual a Emir Sader

Mundial Argentina 78: O segundo desaparecimento dos desaparecidos
https://www.esquerda.net/artigo/mundial-argentina-78-o-segundo-desaparecimento-dos-desaparecidos/53523

Escola Mecânica da Armada (ESMA)
A Escola de Mecânica da Armada anteriormente Escola Superior de Mecânica da Armada – ESMA, tornou-se o maior e mais ativo dos Centros clandestinos de detenção e tortura utilizados pela repressão argentina, por onde passaram mais de 5000 presos, posteriormente, desaparecidos. Os opositores do regime presos clandestinamente na ESMA, após serem interrogados e torturados, mais de 90% deles foram assassinados, na maior parte sedados e jogados no Rio da Prata, outros fuzilados ou mortos sob tortura, incinerados e enterrados próximo ao campo de desportos do prédio.

- Ditadura Militar na ARGENTINA: o emblamático centro de tortura da Escola Mecânica da Armada (ESMA) ~ Youtube
Durante a Ditadura Militar na ARGENTINA, dissidentes políticos eram levados a centros de tortura, como o emblemático campo de extermínio da Escola Mecânica da Armada (ESMA)

- A “Escola do Terror” na ditadura argentina
Hoje transformada em museu, a “Escuela de Mecánica de La Armada” (ESMA) foi durante muito tempo símbolo da repressão ditadura militar argentina

- 29 torturadores argentinos condenados a prisão perpétua
Ao fim de cinco anos, chegou ao fim o julgamento dos crimes contra a humanidade cometidos no centro de tortura da Escola Mecânica da Armada, onde se contam mais de cinco mil desaparecidos

- Argentina: Há 10 anos, escola militar de tortura virava memorial
Dez anos atrás, em 24 de março de 2004, a Argentina dava um importante passo para preservar o direito à memória e à verdade daqueles que lutaram contra a ditadura militar ao transformar em memorial o maior centro clandestino de detenção e tortura do país.

Os Voos da Morte e a Operação Condor - Matéria do jornalista Delson Plácido
Segundo informações procedentes de Buenos Aires, foram indiciados pilotos argentinos responsáveis pelos chamados voos da morte, na época do regime militar, quando presos políticos que eram conduzidos para a Escola de Mecânica da Armada (Marinha) depois de barbaramente torturados, eram drogados e lançados no Oceano Atlântico ou no Rio da Prata. Era dessa Escola que partia toda a estratégia e logística para a tortura e assassinatos de presos opositores do regime militar. Os pilotos são acusados de terem participado, também, dos assassinatos levados a cabo na famigerada Escola Naval, mais conhecida pela sigla ESMA, durante a “Guerra Suja” conduzida pela ditadura militar contra adversários, entre 1976 e 1983, na qual 30 mil pessoas foram sequestradas e assassinadas.

Foto que mostra a mão esquerda amarrada de uma vítima dos voos da morte. O corpo foi fotografado nas areias de uma praia uruguaia. “Voos da morte”: CIDH revela fotografias e documentos sobre as vítimas

Argentina, o primeiro país a condenar os chefes da Operação Condor
Entre os condenados está Reynaldo Bignone, o último ditador argentino, e o general Santiago Riveros. Também figuram no grupo o coronel uruguaio Manuel Cordero, extraditado para a Argentina a partir do Brasil em 2007.

Morre o ex-ditador argentino Jorge Videla aos 87 anos

Morre Massera, o almirante do terror
LUCIANA TADDEO - 10 de nov de 2010 às 20:34
“Como se descreve alguém que foi responsável por milhares de assassinatos, pessoas desaparecidas e torturados? Isso é o que Emilio Eduardo Massera representa para a Argentina”, diz Enrique Fukman, representante da Associação de Ex-Presos Desaparecidos do país sobre o almirante que foi um dos principais símbolos da ditadura militar que marcou a história argentina com sangue entre 1976 e 1983.
ARGENTINA: O túmulo dos ditadores que ninguém quer recordar - Repúdio da sociedade argentina aos crimes dos militares faz com que as famílias dos governantes tenham vergonha de se associar a eles. Até os corpos se perdem no esquecimento


Chile (1973–1990)

“Nos Estados Unidos, como sabe, simpatizamos com o que você esta tentando fazer no seu país (...) Desejemos sucesso ao seu governo” .
(Kissinger ao general Pinochet)

A ditadura militar chilena foi um governo militar autoritário que governou o Chile entre 1973 e 1990. A ditadura foi estabelecida depois que o governo democraticamente eleito de Salvador Allende foi derrubado por um golpe de Estado apoiado pela CIA no dia 11 de setembro de 1973. A ditadura foi liderada por uma junta militar presidida pelo general Augusto Pinochet.A ditadura militar chilena não foi a única do Cone Sul a recorrer à violência e ao terror. Ela assassinou, torturou, fez desaparecer opositores no Chile e no estrangeiro, exilou, censurou e encarcerou sem julgamento. Foi uma ditadura que utilizou todas as armas da coação.

PELO MENOS 40.000 PESSOAS FORAM MORTAS, DETIDAS OU TORTURADAS (veja: Chile identifica mais 9800 vítimas da ditadura de Pinochet )
Isabel Gorjão Santos, 19 de Agosto de 2011 - A ditadura do general Augusto Pinochet no Chile, que se prolongou de 1973 a 1990, causou mais 9800 vítimas de detenção ilegal e tortura do que se pensava até agora, o que aumenta para mais de 40.000 o número de vítimas do regime militar.

11 de setembro de 1973: a tragédia chilena - Waldo Mermelstein, 11 de Setembro, 2015
O golpe militar que derrubou Salvador Allende em 1973 vitimou milhares de pessoas, destruiu os partidos políticos e as organizações dos trabalhadores e impôs o modelo precursor do neoliberalismo. Mas como se chegou a um desfecho tão terrível? Havia outra possibilidade? Como tão poderoso movimento social foi derrotado praticamente sem combates?

Kerry, Kissinger e o outro 11 de setembro

O golpe fascista da CIA contra Allende foi há 45 anos Luís Carapinha, 6.Setembro.2018 - A ditadura chilena torna-se, na década de 1980, na montra da aplicação da cartilha económica da escola de Chicago de Milton Friedman. Sob o poder das baionetas, o Chile de Pinochet é um dos pioneiros do neoliberalismo à escala mundial, pontificando as privatizações em massa, a política de rigidez monetarista e financeirização e o curso de desresponsabilização social do Estado e precarização das relações laborais.


"Não basta que todos sejam iguais perante a lei. É preciso que a lei seja igual perante todos". - Salvador Allende como citado in: Editorial, Asociacion Historica de Funcionarios Municipales La Pintana - Chile, 03-ago-2009

Santiago do Chile, 11 de Setembro de 1973 - 9.10 A.M.
Amigos meus,

Esta será seguramente a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vós. A Força Aérea bombardeou as torres de Radio Portales e Radio Corporación. As minhas palavras não são de amargura mas de decepção. Que sejam elas o castigo moral para os que traíram o juramento que fizeram: soldados do Chile, comandantes em chefe em exercício, o almirante Merino, que se autodesignou comandante da Armada, mais o senhor Mendoza, general rastejante que ainda ontem manifestava a sua fidelidade e lealdade ao Governo, e que também se autodenominou Director Geral dos carabineiros. Perante estes factos apenas me cabe dizer aos trabalhadores: ¡Eu não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com a minha vida a lealdade do povo. E digo-vos que tenho a certeza de que a semente que entregámos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos não poderá ser definitivamente ceifada. Eles têm a força, poderão esmagar-nos, mas os processos sociais não se detêm nem com o crime nem com a força. A historia é nossa são os povos que a fazem.

¡Viva o Chile! ¡Viva o povo! ¡Vivam os trabalhadores!
https://plutocracia.com/varios/salvador_allende_santiago_do_chile.html


A Resistência final de Salvador Allende ~ Documentário
As últimas palavras de Salvador Allende dedicadas ao seu povo, as imagens angustiantes do bombardeio militar, as ordens severas dadas pelo ditador Augusto Pinochet e o depoimento de sobreviventes que acompanharam o presidente até o último minuto de sua vida, mostram vividamente os acontecimentos daquele 11 de setembro de 1973, dia em que o povo chileno começou a viver uma ditadura longa e sangrenta.


página actualizada a 6 de fevereiro, 2019 (continua)