Não importa de que ângulo você veja; uma tentativa de golpe está ocorrendo na Venezuela. Aqui estão os fatos básicos: em 23 de janeiro, Juan Guaidó, um político relativamente desconhecido de segunda linha do partido de direita Vontade Popular, simplesmente declarou-se presidente interino. Guaidó não foi eleito presidente — Nicolás Maduro foi, em maio do ano passado em uma eleição popular que a oposição poderia ter ganhado se não a tivesse boicotado. Guaidó foi eleito um dos representante da Assembleia Nacional que é controlada pela oposição, recentemente assumindo a presidência da Assembleia através de um acordo informal de divisão de poder entre os partidos políticos da oposição. Uma pesquisa de opinião inclusive sugere que até uma semana atrás, mais de 80% dos venezuelanos não fazia ideia de quem era Guaidó. - Carta Maior ~ 30/01/2019 10:56
Se tudo isso parece familiar, é porque já o tínhamos visto antes: a oposição venezuelana não é estranha a golpes, como a curta expulsão apoiada pelos EUA de Hugo Chávez em 2002, ou a violência política que provocou nas ruas continuamente desde 2013. E também isso não começou com Trump: como secretária de estado, Hillary Clinton apoiou um golpe em 2009 em Honduras que desencadeou o terrorismo e ajudou a provocar um êxodo migrante. Os Estados Unidos desde então supervisionaram um deslocamento para a direita por todo o hemisfério, seja através de eleições na Argentina, Guatemala e Chile, ou dos chamados golpes “brandos” no Paraguai e no Brasil. Este último preparou o caminho para a recente eleição de Jair Bolsonaro, um aberto admirador da sangrenta ditadura militar brasileira, que celebrou a tentativa de golpe de Guaidó em nome da democracia.
O golpe estado na Venezuela - Está em desenvolvimento um golpe de estado iniciado pelo imperialismo norte-americano, os governos lacaios da América Latina e a direita servil-apátrida venezuelana, afirmou em 25 de Janeiro o secretário-geral do Comité Central do PCV, Oscar Figuera, em conferência de imprensa. Acrescentou que tentam instalar um governo títere no nosso país e gerar condições para um quadro de violência política que cause uma guerra civil, com a qual a reacção internacional justificaria uma intervenção directa.
Maduro: “Está en marcha un golpe de Estado en Venezuela ordenado desde Washington” - Publicado a 09/01/2019
Antes do fatídico dia 22 de Janeiro, menos de um em cada cinco venezuelanos tinha ouvido falar de Juan Guaidó. Há apenas alguns meses, este homem com 35 anos era um personagem obscuro de um grupo de extrema-direita politicamente marginal e associado a tenebrosos actos de violência nas ruas. Mesmo no seu próprio partido, Guaidó não passara de uma figura de nível médio na Assembleia Nacional dominada pela oposição e que agora age como um órgão que despreza a Constituição da Venezuela.
"Juan Guaidó é um personagem criado para esta circunstância", afirmou Marco Teruggi, um sociólogo argentino e cronista da política da venezuelana, à publicação The Grayzone. "É o produto de uma lógica de laboratório: Guaidó é como uma mistura de vários elementos que dão forma a um personagem que, com toda a honestidade, oscila entre o ridículo e o preocupante". Diego Sequera, jornalista e editor venezuelano da publicação de investigação Misión Verdad, concordou: "Guaidó é mais popular fora do que dentro da Venezuela, especialmente nos círculos de elite da Ivy League e Washington", disse. "É uma figura conhecida nesses meios, previsivelmente de direita e leal às opiniões e tendências que aí se manifestam".
Experiência no "açougue dos Balcãs"
O CANVAS é um ramo do Otpor, um grupo insurrecional sérvio fundado por Srdja Popovic em 1998 na Universidade de Belgrado. Otpor significa "resistência" em servo-croata e ganhou fama internacional – e promoção ao nível de Hollywood – ao mobilizar os movimentos que conduziram à queda de Slobodan Milosevic. O Otpor foi apoiado pelo National Endowment for Democracy, a USAID e o Instituto Albert Einstein de Gene Sharp. Sinisa Jikman, um dos principais "formadores" do Otpor, revelou uma vez que o grupo chegou a receber financiamento directo da CIA.
A mão de Guaidó
Quarenta e três pessoas foram mortas durante as guarimbas de 2014. Três anos depois irromperam de novo, provocando destruições massivas nas infraestruturas públicas, o assassínio de apoiantes do governo e a morte de 126 pessoas, muitas das quais chavistas. Em vários casos, partidários do governo foram queimados vivos por gangues armados. Guaidó esteve directamente envolvido nas guarimbas de 2014. Na verdade, twittou um vídeo em que se exibia envergando um capacete e máscara de gás, cercado por figuras embuçadas e armadas que tinham encerrado uma estrada onde decorria um confronto violento com a polícia. Referindo-se à sua participação na Geração 2007, proclamou: "Lembro-me que em 2007 gritávamos 'Estudantes!' Agora gritamos: 'Resistência! Resistência!'"
«Quintal das traseiras» a ferro e fogo
A velha doutrina de Washington parece caminhar sobre rodas, mas uma agressão dos Estados Unidos e colónias contra a Venezuela soberana pode não ser uma simples e vingativa degola de inocentes.
Chove em Caracas
É preciso que a memória não seja curta, ou a amnésia selectiva: os que hoje golpeiam ou apoiam o golpe contra o povo venezuelano são os mesmos que em 1973 apoiaram o golpe fascista de Pinochet.
ESCOLHIDO DE TRUMP PARA LEVAR “DEMOCRACIA” À VENEZUELA PASSOU A VIDA ESMAGANDO A DEMOCRACIA - 1 de fevereiro, 2019 ~ The Intercept Brasil
Na sexta-feira passada, o secretário de Estado Mike Pompeo nomeou Abrams como enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela. Segundo Pompeo, Abrams “será responsável por todas as coisas relacionadas aos nossos esforços para restaurar a democracia” na nação rica em petróleo. A escolha de Abrams envia uma mensagem clara à Venezuela e ao mundo: o governo Trump pretende brutalizar a Venezuela, ao mesmo tempo em que produz um fluxo de discursos obsequiosos sobre o amor dos Estados Unidos pela democracia e os direitos humanos. Combinar esses dois fatores – a brutalidade e a magnanimidade – é a principal competência de Abrams. Abrams participou de muitos dos atos mais sinistros da política externa norte-americana dos últimos 40 anos, sempre proclamando o quanto se importava com os estrangeiros que ele e seus amigos estavam assassinando. Em retrospecto, é inquietante ver como Abrams quase sempre esteve presente quando as ações dos EUA eram mais sórdidas.
Finalmente a Guerra Fria 2.0 atingiu repentinamente a América do Sul – colocando em campo os EUA e seus minions contra os pilares da integração da Eurásia em andamento: Rússia, China, Irã e Turquia. É o petróleo, estúpido. Mas há muito mais do que parece (óleo). Caracas cometeu um pecado capital definitivo aos olhos do excepcionalistão; vender o próprio petróleo evitando o dólar dos EUA ou o comércio controlado pelos Estados Unidos. Lembrem-se do Iraque. Da Líbia. O Irã está praticando o mesmo pecado. Da mesma forma, a Turquia. A Rússia está – parcialmente – no mesmo balaio. E a China eventualmente acabará pagando pela energia que necessita em Yuan. Com a Venezuela adotando a petro-cripto-moeda e a própria moeda – o bolívar, desde o último ano já foi sancionada pela administração Trump, que a expulsou do sistema financeiro internacional. A Venezuela é a principal peça da máquina. O assassino psicótico Bolton admitiu abertamente; “se pudermos ter as companhias petrolíferas (norte)americanas investindo e produzindo com os recursos energéticos da Venezuela, isso fará uma grande diferença, financeiramente, para os Estados Unidos”. Não se trata apenas de deixar a ExxonMobil tomar conta das enormes reservas de petróleo venezuelano – as maiores do mundo. O principal é monopolizar a exploração e comércio em dólares, em benefício dos poucos bilionários (norte)americanos do Petróleo.
Washington, a razão da força
Manlio Dinucci ~ 5, fevereiro, 2019 Global Research - A Venezuela, além de ser um dos sete países do mundo com reservas de coltan, também é rica em ouro, com reservas estimadas em mais de 15 mil toneladas, usadas pelo Estado para adquirir moeda de reserva e comprar produtos farmacêuticos, alimentares e outros géneros de primeira necessidade. Por esta razão, o Departamento do Tesouro USA, juntamente com os ministros das Finanças e com os governadores dos Bancos Centrais da União Europeia e do Japão, concretizaram uma operação secreta de “expropriação internacional” (documentada pelo ‘Il Sole 24 Ore’).
Washington prepara golpe de direita na Venezuela https://www.wsws.org/pt/articles/2019/02/06/vene-f06.html
Essa tentativa de mudança de regime através de um tuite foi apoiada por vários governos de direita na América Latina, incluindo o do ex-oficial do exército fascista, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que tomou posse no início do ano. O Canadá também rapidamente se alinhou à conspiração de Washington, enquanto o governo de Emmanuel Macron, na França, iniciou discussões na União Europeia com o objetivo de conseguir apoio ao fantoche de Washington.
EUA entregam a Guaidó o controle da petrolífera Citgo ~ Link
8/2/2019, Esquerda.net - A Citgo é uma empresa venezuelana que opera nos EUA com cerca de 3.500 empregados e 16 mil instalações, incluindo refinarias e cerca de 5.000 estações de serviço. A empresa compra o petróleo venezuelano “médio e pesado”, refina-o e vende-o nos Estados Unidos. Esta petrolífera vende ainda “metade dos diluentes necessários” ao petróleo que a Venezuela produz. a Citgo é a “jóia da coroa”, salientando que atualmente é quase a única fonte de receitas em dinheiro da Venezuela.
O que o Pentágono oculta sobre uma possível intervenção militar na Venezuela - link
A Venezuela e a guerra pelo “excremento do diabo” “As guerras são travadas por poços de petróleo e estações de carvão. Pelo controlo dos Dardanelos ou do Canal do Suez; por colheitas coloniais que se possam comprar barato e mercados conquistados aos quais se possa vender caro. A guerra é o capitalismo, mas sem luvas”.Tom Stoppard.
Golpe suave: como a CIA derruba governos democráticos ~ artigo de 2014
Os venezuelanos estão denunciando, há meses, a existência de um plano de desestabilização do país. Nos últimos dias, diante do acirramento das ações da oposição, tanto o governo, quanto apoiadores da Revolução Bolivariana em toda a América Latina, apontam a deflagração de um Golpe de Estado Suave, que consiste em deslegitimar o governo para forçar a sua renúncia.”
EUA têm longa história de intervenção em assuntos internos da Venezuela
As causas de base das crises em curso na Venezuela vão-se tornando cada vez mais aparentes, ao ritmo em que a situação no país alcança níveis cada vez mais ameaçadores. A Venezuela é dona de 1/5 de todas as reservas de petróleo conhecidas no planeta, equivalente às reservas somadas de Irã e Iraque, e deixa para trás, em segundo lugar, a Arábia Saudita.
Venezuela - Golpe do Estado Profundo
Legendas (PT) ao clicar no ícone do Youtube
As 10 funções da USAID, a mega agência "humanitária" da CIA Nazanín Armanian - 5 de março, 2019 - Depois da abortada operação “humanitária” contra a Venezuela do passado fim de semana, é útil recapitular a natureza e o papel do braço da CIA conhecido por USAID. Uma agência que, a coberto da pretensão de “auxiliar” os povos, desempenha há muito um sinistro papel de cúmplice e participante activo na acção dos EUA contra esses mesmos povos.
"Nitro Zeus" e o apagão na Venezuela Whitney Webb - 15 de março, 2019 - Durante quase quatro dias, grande parte da Venezuela esteve sem energia, situação que paralisou a economia do país. Embora o abastecimento esteja a regressar – e o governo de Caracas tenha recebido ofertas de ajuda de muitos países, designadamente da China – políticos e autoridades dos Estados Unidos aproveitaram os acontecimentos para acusar o executivo de Nicolás Maduro pela crise; este, por seu turno, não tem dúvidas de que se trata de "sabotagem" de origem norte-americana, realizada através de ataques cibernéticos contra a rede de energia, utilizando também agentes infiltrados dentro de Venezuela.
Trump imita o ”Império de Star Wars” contra a Venezuela Eva Golinger - 6 de abril, 2019 - ”Lembra da cena do Darth Vader asfixiando um subordinado com o poder da ‘Força’, é o que estamos fazendo economicamente contra o regime (de Maduro)”, confessou um alto funcionário do governo de Donald Trump, sobre a Venezuela.
Espanha, ao serviço do imperialismo dos EUA Lidia Falcón - 7 de maio, 2019 - O nosso governo é o mais fiel servidor do Departamento de Estado dos EUA. Reconhecer o golpista venezuelano Guaidó como legítimo presidente da Venezuela, aceitar um enviado deste como seu representante diplomático e agora alojar Leopoldo López e sua família na embaixada espanhola em Caracas excede em muito aquilo de que eu acreditava serem capazes Pedro Sánchez e o seu governo para cumprirem as ordens de Donald Trump.
Guerra na Venezuela Marcelo Zero - 10 de maio, 2019 - Os EUA já estão em guerra com a Venezuela. Uma guerra híbrida, não-convencional, mas uma guerra.
Estados Unidos e Venezuela: Um contexto histórico James Petras - 18 de maio, 2019 - "A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, de que são proprietários e nós queremo-las". – (funcionário anónimo de Trump)